Título: Produção de petróleo supera consumo
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/12/2005, Economia & Negócios, p. A20

A Petrobras informou ontem, por meio de nota, que registrou ontem uma produção recorde de 1,857 milhão de barris por dia. O desempenho é cerca de 23 mil barris superior ao do último recorde da estatal, obtido em 23 de junho deste ano, de 1,835 milhão de barris. O resultado supera o consumo atual do país, em torno de 1,8 milhão de barris diários.

O resultado, porém, ainda não significa que o país conquistou a auto-suficiência. Isso porque suas refinarias foram planejadas para processar óleo leve. A maior parte da produção brasileira, porém, é de óleo pesado, de qualidade inferior.

O resultado representa também um aumento de 5,8% em relação ao último recorde mensal de produção, registrado em junho deste ano, de 1,755 milhão de barris/dia e 10,7% maior do que a média de 2005 até novembro.

Este é o décimo-primeiro recorde diário de produção obtido pela companhia em 2005. A Petrobras atribui o resultado à crescente recuperação de campos localizados nas áreas maduras das regiões Norte e Nordeste e do Espírito Santo. Além disso, a estatal destaca o desempenho operacional das plataformas da bacia de Santos, em particular das recém-instaladas P-43, no campo de Barracuda, e P-48, no campo de Caratinga.

No mesmo dia em que a Petrobras comunicou aumento na produção de petróleo, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) divulgou pesquisa que mostra que o álcool está perdendo competitividade em relação à gasolina em alguns estados.

A conclusão leva em consideração os dados do levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP) na última semana. De acordo com o Cepea, por ser um combustível que rende menos, o álcool deve custar no máximo 60% a 70% do valor da gasolina para ser vantajoso ao motorista - o percentual varia de acordo com o modelo do carro.

No Rio Grande do Sul e Minas Gerais, entretanto, o preço médio do litro do álcool hidratado já alcança 70% do valor da gasolina.

Em outros estados, como o Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazonas, Distrito Federal e Paraná, a relação de preços está muito próxima do limite e já pode ser considerada vantajosa para a gasolina.

Para os pesquisadores, a perda de competitividade do álcool em vários estados pode ser um fator a inibir sua demanda. Eles verificaram, ainda, que o preço real do álcool hidratado comercializado pelas usinas paulistas esteve 4,2% superior ao mesmo período da safra passada.

Ontem, o petróleo fechou em alta, devido ao ataque a um oleoduto na Nigéria e às incertezas sobre os estoques americanos. Os contratos do óleo cru americano subiam US$ 0,36, para US$ 57,70 o barril. Desde a última quarta-feira, as cotações já haviam caído mais de US$ 4. Em Londres, o Brent subia US$ 0,18, para US$ 56,29 o barril.

Com agências