Título: Putin apresenta suas armas
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2004, Internacional, p. A7

Líder russo anuncia projeto de novos mísseis nucleares sem equivalentes no mundo, capazes de despistar escudos antimísseis

A Rússia terá em breve à disposição um novo sistema de mísseis nucleares com tecnologia avançada e inigualável pelas outras potências, pelo menos, nos próximos anos. A promessa foi feita ontem pelo presidente russo, Vladimir Putin, que chega ao Brasil esta semana.

- Não fazemos mais do que prosseguir com as pesquisas e testes de sistemas de mísseis nucleares mais modernos. Estou convencido de que, nos próximos anos, os novos mísseis farão parte de nosso arsenal - afirmou o presidente russo. - São sistemas que não existem nem existirão nos próximos anos no arsenal das outras potências nucleares.

Putin lançou a ameaça, que lembrou os momentos mais tensos da corrida armamentista da Guerra Fria, durante uma reunião com comandantes de alta patente das forças armadas russas.

Em Washington, a Casa Branca afirmou que as declarações de Putin estão de acordo com o Tratado de Moscou, assinado pelos presidentes dos EUA e da Rússia, em maio de 2002. O tratado obriga que os dois países reduzam as ogivas nucleares para algo em torno de 1.700 e 2.200, até 2012 e prevê uma nova estratégia de relacionamento entre as nações com base na cooperação.

- Estamos confiantes de que os planos russos não são ameaçadores e são consistentes com as obrigações internacionais de Moscou - afirmou Adam Ereli, porta-voz do departamento de Estado.

No entanto, autoridades do mesmo departamento afirmaram em anonimato à rede CNN que o governo americano vai procurar saber sobre o programa de modernização da capacidade nuclear russa.

- Até onde se sabe, não há nada que nos preocupe, mas Putin não deu muitos detalhes - afirmou uma fonte da rede de notícias americana. - Estamos procurando saber o que representam as afirmações do presidente russo.

O projeto está relacionado aos novos mísseis Topol-M, cujos últimos testes estão previstos para final de dezembro e a produção está incluída nas previsões de orçamento do Estado para 2005.

Os balísticos do tipo Topol-M têm alcance de 10 mil quilômetros, o que não tem equivalente no mundo, e poderiam ser entregues ao Exército russo em 2006.

A velocidade e a capacidade dos Topol-M de serem manejados, mesmo após o lançamento, dariam ao Kremlin a vantagem de despistar um escudo antimíssil.

Segundo Putin, o terrorismo internacional é, no momento, ''uma das principais ameaças ao Estado russo''.

- No entanto, entendemos que basta diminuir a atenção a estes componentes de nossa defesa, que formam nosso escudo de mísseis nucleares, para que nos encontremos confrontados com outras ameaças - afirmou o presidente.

A retirada unilateral dos EUA do tratado de ABM, que proíbe o desenvolvimento de escudos antimísseis, e o plano americano de seguir em frente com o programa ''Guerra nas Estrelas'' põe, segundo analistas, os Estados Unidos n