Correio Braziliense, n. 22536, 29/11/2024. Economia, p. 7
A ceia de Natal vai ser mais salgada
Raphael Pati
O valor médio dos alimentos tradicionais da ceia de Natal está mais caro neste ano. Levantamento divulgado ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que, de 2023 para 2024, o preço médio da cesta natalina teve um avanço de 7,7%, passando de R$ 321,13 para R$ 345,83.
Os dados consideram 10 produtos famosos da ceia: aves natalinas, lombo, pernil, peru, tender, azeite, sidra, espumante, panetone e caixa de bombom. Por região, a cesta mais cara foi registrada no Sul (R$ 358,05), enquanto o menor preço foi observado no Centro-Oeste (R$ 337,35).
As proteínas que tiveram a maior valorização neste período foram bacalhau (18,8%), pernil (15,3%) e carne bovina (13,5%). Por outro lado, ovos (7,5%), frango (9,9%) e peru (9,9%) tiveram as menores variações de preço. Por conta disso, os brasileiros aumentaram a procura por ovos em 2024, que registraram o maior aumento de procura entre as proteínas no período, com avanço de 14,4% – mesmo percentual registrado pela carne bovina.
Outros produtos típicos da época, como panetone, chocotone e biscoitos especiais também devem ter um aumento pela procura neste fim de ano, em relação a 2023, com aumento projetado de 11,4%. Entre as bebidas, a projeção indica um aumento pela procura de cerveja (14,2%) e sucos (13,5%). Ao todo, a entidade projeta um consumo médio de R$ 261,19 por pessoa em produtos do gênero neste fim de ano.
Consumo em outubro
A Abras também divulgou a pesquisa mensal Consumo nos Lares referente a outubro. Os dados mostram que o preço dos cortes traseiro e dianteiro da carne bovina apresentou uma forte valorização no período. Na comparação com o mês anterior, houve um aumento de 9,09% no preço médio do corte dianteiro e de 6,07%, no preço do corte traseiro.
De janeiro a outubro, os cortes dianteiro e traseiro da carne acumulam alta de 8,95% e 5,54%, respectivamente. Já nos últimos 12 meses, os preços da proteína subiram, de maneira respectiva, 10,20% e 9,15%. “A escalada da inflação continuou pressionando os alimentos. O consumidor pesquisou preços, fez substituições de proteínas animais e trocou marcas de produtos básicos ao compor a cesta de abastecimento dos lares”, avalia o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
Outros alimentos consumidos em larga escala também tiveram um aumento de preço mais forte no mês passado, a exemplo do tomate, que registrou valorização de 9,82%. Também ficaram mais caros, em outubro, o óleo de soja (5,10%), o café torrado e moído (4,01%) e o leite longa vida (1,97%).
A associação também fez uma análise de 35 dos principais alimentos consumidos pela população e indicou que houve aumento de 2,44% no preço médio desses produtos em outubro. Na média nacional, os preços desta cesta passaram de R$ 739,44 para R$ 757,49. Entre janeiro e outubro, a alta foi de 4,83%.
Apesar da carestia, o consumo de alimentos em casa subiu em outubro, com um avanço de 3,5%. Em 2024, esse indicador já acumula alta de 2,67%. Na avaliação da Abras, o aumento do número de empregos ao longo do ano e os volumes de recursos injetados na economia também contribuíram para sustentar o consumo doméstico nesse período. A entidade também destacou o repasse de benefícios em programas sociais, como o Bolsa Família, Auxílio Gás, além do Pé-de-Meia para estudantes do ensino médio.
Ajuste
Sobre o pacote fiscal enviado ontem pelo ministro Fernando Haddad ao Senado Federal, o setor supermercadista avalia que os projetos representam um “marco histórico pela abordagem adotada em relação ao ajuste fiscal”. A entidade também elogiou a manutenção da Cesta Básica Nacional, prevista na reforma tributária, que inclui isenção de impostos na carne bovina.
“(A Abras) considera essencial que a bancada governista no Senado trabalhe de forma alinhada com esses objetivos sociais, garantindo não apenas a ampliação da lista de produtos da Cesta Básica Nacional de Alimentos, mas também a inclusão de outros itens de higiene pessoal e limpeza na desoneração parcial de 60% prevista na reforma tributária do consumo”, avaliou, em nota, a entidade.