Correio Braziliense, n. 22537, 30/11/2024. Política, p. 3

Lula indica diretores para o Banco Central
Mayara Souto
Rosana Hessel
Raphael Pati



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviará ao Congresso, na próxima semana, uma lista com os nomes dos três indicados à diretoria do Banco Central. A informação foi divulgada, ontem, pela autoridade monetária. Os escolhidos passarão por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Para a vaga de Gabriel Galípolo, que deixará a Diretoria de Política Monetária para assumir a presidência do BC, em janeiro, Lula indicou o atual chefe de Operações de Tesouraria do Bradesco, Nilton José Schneider David. O economista trabalhou em diversas instituições no mercado financeiro tanto no Brasil quanto no exterior. Na Universidade de São Paulo (USP), se formou em engenharia de produção pela Escola de Engenharia Politécnica, e é um nome respeitado entre economistas do mercado financeiro.

A servidora Izabela Moreira Correa foi a indicada para a vaga de Carolina de Assis Barros, atual diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta do BC. Ela está na instituição desde 2006 e, atualmente, comanda a Secretaria de Integridade Pública da Controladoria-Geral da União (CGU). Tem doutorado em governo pela London School of Economics and Political Science (2017), mestrado em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduação em administração pública pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro.

Opiniões divididas

Para a Diretoria de Regulação, o escolhido foi Gilneu Francisco Astolfi Vivan, servidor desde 1994. Ele já passou por diversas áreas dentro do BC. No momento, comanda o Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor). Até o início deste ano, atuou como chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro Nacional. É mestre e bacharel em economia pela Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O Correio apurou que as indicações de Lula dividiram opiniões entre os especialistas. Alguns questionam o motivo de não serem nomes mais renomados ou de instituições financeiras de grande porte, que acabam sendo mais independentes. No mercado há receio de que a nova diretoria possa sofrer interferências de Lula, apesar de a autarquia ser independente. Lula tem criticado rotineiramente o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, por não reduzir os juros.