Título: Lula impõe condições ao PT para ser candidato
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2005, País, p. A2

Em jantar na quarta-feira com a executiva nacional do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do partido que defenda as ações do governo federal e, dias após ter afirmado que só será candidato à reeleição se tiver certeza da vitória, o presidente aumentou a lista de condições à candidatura. Dessa vez, disse que só pretende disputar um novo mandato se conseguir montar uma base parlamentar sólida e tiver a perspectiva de manter o crescimento econômico no mandato seguinte.

O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu apelos do PT e dos demais partidos aliados para lançar sua candidatura à reeleição, mas a decisão sai apenas no começo do ano que vem.

- A decisão de candidatura é superpessoal. O presidente tem recebido apelos de todos os partidos que estão na base. O PT fez isso formalmente, colocando a importância da candidatura, mas essa é uma definição do presidente e eu creio que ele o fará nos dois primeiros meses do ano que vem.

Lula relatou a conversa com os petistas na manhã de ontem ao presidente da Infraero, Carlos Wilson. Segundo Wilson, da mesma forma que tem sido pródigo em fazer críticas ao governo, o PT deve ser pródigo em mostrar o que tem feito o governo Lula nesses três anos.

- O partido do presidente, mais do que todos, tem obrigação de conhecer e defender as coisas positivas do governo - disse Carlos Wilson depois de acompanhar Lula na inauguração da segunda pista do Aeroporto de Brasília.

Embora tenha se filiado ao PT apenas em 2002, o ex-senador Carlos Wilson é um dos políticos mais próximos do presidente Lula. Segundo ele, Lula disputará a eleição se tiver confiança de que a economia continuará crescendo e segurança com sua base no Congresso, lembrando que a manutenção da aliança com PL, PTB e PP, para as eleições de 2006, não está definida. E, para Wilson, são justamente esta aliança que deve ser repensada.

- Acho que a aliança não se repetirá nas eleições porque foi o que gerou o processo todo de denúncias que estamos vivendo este ano. Quem quiser negar que negue, mas essa crise prejudicou o desenvolvimento da economia do país - afirmou.

- Os partidos que estão envolvidos com o mensalão são os mesmos que deram sustentação ao governo passado - acrescentou Wilson.

O presidente da Infraero reforçou as recentes críticas à oposição feitas pelo presidente e seus ministros. Há duas semanas, Lula chamou seus adversários de golpistas.

- Há poucos três dias o presidente disse que quatro anos é muito pouco para governar, mas é muito tempo para quem perdeu as eleições. Quem perdeu as eleições em 2002 ficou aguardando dois anos e meio para que chegasse o momento propício de tentar desestabilizar o governo Lula - disse Carlos Wilson.

O presidente da Infraero aproveitou a inauguração para anunciar que deixará a estatal no próximo ano para disputar as eleições parlamentares por Pernambuco. Carlos Wilson foi deputado pelo PMDB, vice-governador de Pernambuco e senador pelo PTB.

Já o presidente do PT, Ricardo Berzoini, confirmou que partido defende a candidatura de Lula à reeleição e que isso foi dito ao presidente no jantar com a nova executiva nacional, na Granja do Torto.

- Queremos que ele seja o nosso candidato às eleições de 2006. O PT quer apresentar um programa de governo com avanços em relação ao patrimônio muito positivo que esse governo já conquistou. Lula disse que vai decidir em um momento oportuno, e que comunicará ao partido quando decidir se será candidato à reeleição ou não - afirmou Ricardo Berzoini. (Com agências)