Correio Braziliense, n. 22539, 02/12/2024. Cidades, p. 14
Caminhada pelo fim da violência contra a mulher
Isabela Berrogain
O Parque da Cidade Sarah Kubitschek foi tomado por blusas laranjas, cartazes de protesto e faixas de apoio na manhã de ontem. Por volta das 8h, a capital federal se uniu a quase 100 cidades do Brasil e do exterior para a 7ª edição da Caminhada pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, organizada pelo Grupo Mulheres do Brasil. Visando alertar a população sobre os altos índices de violência de gênero no país, o evento teve apresentação da banda feminina de percussão Batalá.
Advogada e membro da organização do evento, Tatyanna Costa Zanlorenci destacou a importância de caminhadas como a de ontem. “É preciso juntar as mulheres, e também os homens, para tratar sobre esse assunto que atinge todo mundo. Nosso maior sonho é que 2025 seja um ano sem feminicídio. Seria a nossa maior vitória”, afirmou Tatyanna.
Os dados atuais, porém, se mostram alarmantes. Em 2023, o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde a tipificação do crime, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No DF, foram 31 mulheres assassinadas no ano passado, segundo o painel da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), maior índice registrado desde 2015. Neste ano, foram 21 casos até novembro.
Vítima de violência doméstica, Tatyanna pede que mulheres e meninas acendam um alerta ao entrar em relacionamentos. “Às vezes, no início da relação a gente não consegue perceber, porque estamos apaixonadas e tudo são flores, mas os sinais sempre aparecem. A gente precisa cair fora. Precisamos aumentar a nossa autoestima e nos cercar da nossa rede de apoio para poder nos fortalecer e sair dessas situações”, pontuou.
Luciene de Barros, idealizadora do Educa, projeto que dá apoio a famílias do bairro Nossa Senhora de Fátima, em Planaltina, compareceu ao evento acompanhada por jovens e crianças. “Trouxemos pessoas de todas as idades, porque é importante que elas adquiram consciência a respeito desses temas desde cedo. A educação transforma e, por conta dessas caminhadas, as crianças voltam para casa com outra mentalidade. Elas chegam e comentam com parentes e amigos, propagando a mensagem”, afirmou.
Maria das Neves Filha foi uma das representantes da União Brasileira de Mulheres (UBM) do Conselho Nacional de Direitos Humanos na caminhada e clamou por direitos como igualdade salarial. “Nós queremos autonomia financeira, porque um dos elementos pelo qual muitas mulheres, sobretudo negras e pobres, não saem de lares violentos é exatamente a dependência econômica de seus companheiros”, destacou Maria.
A empresária Ana Cláudia Ferreira, 54, participou da caminhada ao lado do marido José Carlos, aposentado de 66 anos. “Temos que abraçar a causa, a violência contra a mulher tem aumentado muito no Brasil. Viemos fazer propaganda mesmo. Já tirei fotos e postei no grupo, no Instagram, no Facebook. Precisamos conscientizar as pessoas”, defendeu a moradora de Ceilândia.
“Eu apoio demais minha esposa”, disse José Carlos. “Fiz questão de vir com ela. Acordamos cedo e acho que a participação de homens em eventos assim é importantíssima também. Eu tenho filhos e netos e preciso ser um exemplo para eles, assim como meus pais foram para mim”, ressaltou o aposentado.
Onde pedir ajuda
Ligue 190: PMDF. Serviço disponível 24h, todos os dias. Ligação gratuita.
Ligue 197: Polícia Civil e WhatsApp: (61) 98626-1197
Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher, canal da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. A denúncia pode ser anônima, 24h, todos os dias. Ligação gratuita.
Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam): funcionamento 24h, todos os dias.
Deam 1: EQS 204/205, Asa Sul: Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673
Deam 2: St. M QNM 2, Ceilândia: Telefones: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207-7438
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos: Whatsapp: (61) 99656-5008 - Canal 24h
Secretaria da Mulher do DF
Subsecretaria de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres (Subev): Telefones: 3330-3109/3118/3105
Subsecretaria de Promoção das Mulheres (SUBPM): Telefone: 3330-3116 / 3148
Casa da Mulher Brasileira: 3371-2897
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) :3343-6086 e 3343-9625
Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem): Telefones: (061) 3103-1926 / 3103-1928 / 3103-1765 WhatsApp (61) 999359-0032