Correio Braziliense, n. 22541, 04/12/2024. Economia, p. 7
Governo celebra aquecimento e emprego
Raphael Pati
“Continuamos com o PIB crescendo e criando mais emprego e renda na mão dos brasileiros”. Com essa postagem na rede social X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o resultado do PIB, anunciado ontem pelo IBGE.
Já o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços, descartou que o aquecimento da economia vá pressionar a inflação, assim como o câmbio desvalorizado.
“O câmbio é flutuante. Do mesmo jeito que ele sobe, ele cai. Em relação ao componente interno, eu acho que vai ficar claro se o Congresso der uma resposta rápida neste mês de dezembro, aprovando as medidas para cumprir o arcabouço fiscal e deficit primário zero, aprovando as medidas que o governo encaminhou, que reduzem despesa no curto, médio e longo prazo”, disse Alckmin, ontem, em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto.
Alckmin defendeu não ser preciso restringir ainda mais a política monetária por meio do aumento da Taxa Selic, atualmente em 11,25% ao ano. Ele citou o Federal Reserve (Fed) — o Banco Central dos EUA — como exemplo de controle inflacionário. “Em relação à questão da inflação, eu gosto do modelo norte-americano, do Fed, o BC americano, que tem duas missões: uma missão é emprego, estimular a economia; a outra missão é preço, evitar a inflação. Mas ele não leva em consideração dois componentes: alimento e energia.” O dólar fechou o dia praticamente estável no fim da tarde e permaneceu no patamar de R$ 6,06. Apesar disso, o valor da moeda norte-americana segue alto se comparado à semana passada, quando, no dia 25 de novembro, ainda valia R$ 5,80. Já no primeiro dia desta semana, o câmbio acelerou 1,13% e atingiu novamente o maior patamar de toda a série histórica, desde a criação do real, em 1994.
Na avaliação do secretário-executivo do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, a valorização da moeda norte-americana no mercado nacional é apenas resultado de “ruídos internos” e acredita que, com os agentes e investidores conhecendo mais os projetos enviados pelo governo na semana passada, o dólar deve voltar a ficar estável em um curto prazo.
“O cenário ou pelo menos a expectativa aumentou o risco de ter um cenário com inflação global maior, isso acaba gerando uma precificação de ativos, com uma elevação de risco e isso tem efeito sobre todos. Então, de fato, isso é natural, todas as moedas estão passando por um processo como esse”, disse.