Correio Braziliense, n. 22542, 05/12/2024. Brasil, p. 6
De 2023 para 2024, incêndios aumentam em cinco biomas
Maria Beatrriz Giusti
Entre janeiro e dezembro deste ano, a Amazônia, o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal e os Pampas apresentaram um crescimento no número de queimadas, em comparação com 2023. Os dados são do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados ontem.
Ao longo deste ano, o país enfrentou secas extremas, que favoreceram o alastramento de incêndios.
Em comparação com 2023, o número de queimadas na Amazônia aumentou 38% — de saltou de 98 mil para 136 mil. O crescimento percentual no Cerrado foi de 57%, enquanto que na Mata Atlântica foi de 78%.
Nos Pampas, saltou 42%, e no Pantanal, nada menos que 120%. A Caatinga foi o único bioma com diminuição no número de focos de incêndio entre 2023 e 2024: de 21 mil, caiu para 16 mil — redução de 25%.
O período de agosto a outubro é considerado o mais quente e seco em todo o país. A diretora de estratégia do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, explica que desde 2023, a seca que os biomas enfrentam — em especial a Amazônia e o Cerrado — tem relação com o fenômeno do El Niño, com as mudanças climáticas e com o desmatamento.
De acordo com dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC), as porções de floresta nativa da Amazônia atingidas pelo fogo, em 2024, totalizaram 13 milhões de hectares, de 1º de janeiro a 20 de outubro.
É uma área comparável à da Inglaterra.
Segundo Mariana, com mais de 18% de cobertura devastada, a Amazônia perde uma parte significativa da capacidade de produzir chuva e umidade, especialmente nas porções sul e sudoeste do bioma. No Cerrado, foram registrados 79 mil focos de incêndio em 2024, em comparação com 2023, quando foi quase 60% inferior.