Título: Apetite pela candidatura ao Senado
Autor: Sergio Duran
Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2005, País, p. A5

O ano na Assembléia Legislativa do Rio foi encerrado em grande estilo. Os deputados estaduais almoçaram ontem na churrascaria Porcão Rio's a convite de seu presidente, o deputado estadual Jorge Picciani (PMDB). O peemedebista declarou que iniciará em janeiro sua campanha pelo interior do estado, atividade que cumprirá em paralelo com a liderança da Casa. Picciani, até então pré-candidato à vaga do Rio ao Senado pelo PMDB em 2006, antecipou que será o candidato do partido antes mesmo da convenção estadual agendada para março.

O evento reuniu 37 dos 70 deputados da Casa entre partidários do governo e da oposição. O valor individual do rodízio custa R$ 57,90. A conta salgada, no mínimo R$ 2.142, tirando as bebidas.

Em entrevista coletiva realizada à tarde na Alerj, onde apresentou um balanço do ano legislavo, o peemedebista se antecipou à pergunta dos jornalistas e garantiu que as despesas do almoço não foram pagas pela Casa e, sim, por ele. Mesmo dizendo que estaria de posse da nota em seu bolso, recusou-se a mostrá-la justificando que seria ''indelicadeza'' revelar o valor da conta.

Picciani afirmou que tem a aprovação das 92 executivas municipais do partido em todo o estado e iniciará sua campanha no município da Paraíba do Sul em busca de apoio. Segundo ele, pesquisas internas mostram crescimento de sua candidatura, que até então levava desvantagem para o vice-governador e secretário de Meio Ambiente, Luiz Paulo Conde. A disputa interna da pré-candidatura entre os dois incendiou o partido quando Picciani ameaçou deixar a presidência da Alerj. A cadeira ficaria com o PT, o que preocupa a governadora Rosinha Matheus. A própria governadora não havia decidido quanto a uma possível candidatura ao Senado. Candidato ao governo do Rio, o senador Sérgio Cabral Filho apóia o presidente da Alerj.

Em reunião com seus secretários, ontem, no quartel-general da Polícia Militar, Rosinha teria anunciado que fica no governo até o fim do mandato, descartando a opção de deixar o cargo em abril. Conde esteve reunido ontem com o secretário de governo Anthony Garotinho em seminário do PMDB. Ele não declarou ter desistido da disputa.

Picciani preferiu não adiantar a data que se descompatibilizará da presidência da Alerj. Caso o faça entregará a cadeira para sua vice, a deputada petista Heloneida Studart. Durante o almoço Picciani analisou que seu principal adversário na disputa do senado no Rio seria o deputado federal Francisco Dornelles (PP), que, entretanto, também é aliado de Garotinho. Pelo PT, a ex-governadora Benedita da Silva oficializou ontem sua pré-candidatura e deverá disputar a indicação no partido com o senador Saturnino Braga.

O presidente da Alerj já começou a ensaiar o tom do discurso eleitoral. Fez questão de colocar em contraste a administração da Casa em comparação à Câmara. Citou a aprovação do orçamento estadual a tempo, ao contrário da Câmara federal, e a diminuição do recesso parlamentar na Alerj para 30 dias, de 31 de dezembro a 1º de fevereiro. O deputado ainda elogiou a atuação da imprensa, ''da qualidade da oposição na Alerj'' e serviu pão de queijo.

- Quero ser conhecido como o senador do diálogo. Vejo a incapacidade de diálogo entre as administrações federal e estadual e o prejuízo que isso traz ao Estado. Acredito que posso aproximá-los - discursou Picciani.