Correio Braziliense, n. 22542, 05/12/2024. Brasil, p. 6

Pacheco: casos “repugnantes”



Quase ao mesmo tempo em que o governador Tarcísio Gomes de Freitas era homenageado na Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgava nota na qual classificava como repugnante as cenas em que o motociclista Marcelo era jogado de cima de uma ponte por um policial militar, em São Paulo.

“O valor das polícias no Brasil, que é real e reconhecido pela sociedade, não está nos graves casos registrados recentemente pela imprensa, que são exceções absolutamente repugnantes. O respeito a todo cidadão é uma obrigação constitucional, que preserva a dignidade do ser humano, um dos principais fundamentos da República brasileira”, frisou o Presidente do Senado.

Mas não foi apenas Pacheco que criticou a atuação dos policiais em São Paulo. A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns e a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) emitiram, ontem, notas de repúdio.

“Matar crianças, como o jovem Ryan, de apenas quatro anos de idade; matar a tiros um estudante de medicina de 23 anos, desarmado e indefeso; lançar um ser humano, sob custódia policial, de uma ponte; ou disparar 11 tiros, pelas costas, contra um desempregado desarmado, suspeito de furtar duas barras de sabão — não podem se tornar rotina de uma força policial honesta, decente e cumpridora de suas obrigações”, afirmou a comissão, cobrando também a demissão imediata de Guilher me Derrite, secretário de Segurança Pública do estado.

Cássio Thyone, integrante do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, observa que Tarcísio “está sinalizando a continuidade de uma política de enfrentamento, uma política que dá carta branca à polícia a agir da forma como age”.