Título: Com os votos de Blair e Rumsfeld
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2005, Internaconal, p. A7

Duas autoridades das nações que fizeram a guerra visitaram ontem o Iraque de surpresa. Mas na agenda do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, e do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, nada além de votos de um ''Feliz Natal'' no front. Nenhum dos dois avançou sobre o início da retirada das tropas do país, cobrança feita até por aqueles que apóiam a invasão nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Rumsfeld pousou no aeroporto internacional de Bagdá em um avião cargueiro, após uma passagem pelo Afeganistão. Segundo o canal de televisão local Al-Sharqiya, estava previsto a discussão da redução do contingente americano, além da avaliação da situação do país após as eleições parlamentares do dia 15, que encerraram o processo de transição política. No entanto, o secretário novamente se recusou a fixar um prazo para o desligamento das tropas e voltou a condicionar a saída à necessidade de estabilização do Iraque.

O secretário afirmou ainda que o Iraque está entrando em uma nova fase, em que deve ser construído um governo capaz de equilibrar as necessidades do país nos próximos quatro anos. O Pentágono já havia anunciado que o número de soldados no país será reduzido para 138 mil, como antes das eleições parlamentares da semana passada.

Já Blair, em Basra, apresentou-se descontraído no encontro com o contingente britânico e o comando americano. O primeiro-ministro também se recusou a fixar um ''calendário artificial'', declarando que o início da retirada dependia da capacidade das forças irquianas assumirem a segurança do país.

Perguntado se o desligamento das tropas começaria em seis meses, o premiê disse que era preciso esperar para ver se o processo político funcionava:

- Se tudo acontecer como o previsto, retiraremos nossas forças. Não queremos mantê-las mais tempo do que o necessário - afirmou Blair, para quem um Iraque estável representará ''um golpe severo'' para os terroristas.

Blair conversou com os soldados britânicos - cerca de oito mil - e disse estar satisfeito em saber que eles se preocupam com a reconstrução das forças iraquianas.

- É um sinal estimulante porque vai nos permitir retirar nossas tropas. É esta a nossa estratégia. O processo político deve ser apoiado por um sistema de segurança forte.