Correio Braziliense, n. 22544, 07/12/2024. Política, p. 3
Setor produtivo comemora conclusão do tratado
O acordo entre Mercosul e União Europeia foi festejado pelo setor produtivo. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por exemplo, recebeu com satisfação a conclusão do pacto, atendendo à reivindicação da entidade por uma inserção externa qualificada do Mercosul e também reconhecendo as boas práticas ambientais e de sustentabilidade do setor produtivo brasileiro.
“A finalização do acordo é oportuna, pois garante aos membros do Mercosul um instrumento poderoso para lidar com as mudanças comerciais e geopolíticas em curso”, afirmou a nota da entidade. “O Brasil representou mais de 80% do fluxo de US$ 112 bilhões de comércio entre Mercosul e UE em 2023. A importância das trocas comerciais é consequência de um estoque de capital superior a US$ 320 bilhões investidos por companhias da UE no país. Ou seja, além do potencial de alavancar o comércio, o acordo deve estimular o investimento produtivo de longo prazo, uma fonte importante de emprego e renda para o Brasil”, acrescentou.
A entidade lembrou que o livre-comércio deverá ocorrer em até 15 anos do início da vigência do acordo. “A Fiesp seguirá atuante para que possamos aproveitar este período de reduções tarifárias e viabilizar as ações necessárias para elevar a competitividade dos setores produtivos do Brasil”, acrescentou.
Para a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o acordo entre UE e Mercosul “é importante para ampliar o papel estratégico e o fortalecimento da pauta comercial brasileira”. “A ampliação das oportunidades comerciais e a melhoria no ambiente de negócios facilitarão a atração de investimentos do exterior para o mercado brasileiro”, destacou.
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) afirmou que o tratado deve “valorizar a percepção sobre o agro brasileiro”.
“A entidade reconhece sua importância estratégica a ambos os blocos para a expansão de oferta e a segurança alimentar e energética da União Europeia diante dos limites impostos pelo conturbado cenário geopolítico global”, frisou em nota.
Especificamente para o setor, em 10 anos, a UE deve isentar em mais de 80% as importações agrícolas do Mercosul e dar acesso preferencial com menor tarifa a diversos produtos. A eliminação de tarifas é referente a frutas, peixes, suco de laranja, óleos vegetais entre outros produtos. Já as carnes bovina e suína terão um valor estabelecido por cotas, assim como o açúcar e o etanol. (RH e RG)
» Criado em 1991, o Mercosul reúne cinco países: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, que aderiu em 2023.
» A Venezuela ingressou no bloco em 2012, mas sua adesão está suspensa desde 2016. O tratado negociado com a União Europeia não inclui a Venezuela nem a Bolívia, mas os quatro países fundadores do bloco.
» Os contatos entre UE e Mercosul começaram em 1999. Se implementado, esse acordo permitiria aos quatro países sul-americanos exportar carne (bovina e de aves), açúcar, arroz e mel para a Europa. Por sua vez, a UE exportaria veículos, maquinário e produtos farmacêuticos.
» Em 2019, os dois blocos anunciaram um acordo político, mas países da UE exigiram a inclusão de garantias ambientais, e as negociações se estenderam por mais cinco anos, já que vários capítulos foram reabertos.