Correio Braziliense, n. 22546, 09/12/2024. Política, p. 3

Protagonismo ambiental


A bandeira levantada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise climática, que constou em todos seus discursos internacionais e foi uma das prioridades durante a cúpula do G20, é considerada o principal acerto da diplomacia brasileira, segundo os especialistas.

Na declaração final dos líderes do G20, constou o compromisso de garantir que o aumento da temperatura média global fique abaixo de 2ºC. O Acordo de Paris, assinado em 2015, previa que o valor permanecesse em 1,5ºC até 2030. No entanto, neste ano, o mundo já está próximo da marca.

Além disso, durante a COP29, realizada simultaneamente ao G20 no Azerbaijão, foram atualizadas as metas individuais para a redução de emissão de gases do efeito estufa, que geram o aquecimento da Terra. As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês) são compromissos que cada país assume para mudar a situação climática até 2030.

“Lula acerta muito bem em situar essa questão da COP30, da questão ambiental, como um ativo de política externa brasileira. Esse é um gol, entre aspas, importante do ponto de vista da nossa diplomacia. O Brasil precisa se inserir mais nesse tipo de debate, em que tradicionalmente nós temos uma posição de liderança importante, nós temos um soft power, que a gente chama de um poder de convencimento, um poder de ideias importantes. O Lula situa bem o Brasil nesse patamar, nessa discussão, sem dúvida nenhuma”, afirma o cientista político Leandro Consentino, do Insper. “Essa é a face que o Brasil precisa tornar mais vistosa lá fora, em detrimento de querer se tornar mediador ou querer se intrometer em assuntos, como a guerra da Ucrânia, como conflito em Gaza, para o qual a gente não tem credenciais e nem tamanho razoável do ponto de vista de potência para querer, enfim, resolver”, acrescenta.

O lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na cúpula do G20, será, na avaliação dos especialistas, a base de expectativa para assumir os compromissos internacionais do ano que vem. Beatriz Nóbrega, do Instituto VivaCidades, vê a atuação de Lula no Rio como “um ensaio” para 2025.