Título: Criação de vagas encolhe 83%
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Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2005, Economia & Negócios, p. A18

A criação de empregos formais neste fim de ano, quando tradicionalmente o setor produtivo acelera as contratações para atender à demanda crescente do fim de ano, apresentou o pior resultado para o período desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mês de novembro apresentou geração de 13.831 novos postos de trabalho formais, uma queda de 83% em relação ao resultado verificado em igual período do ano passado. Em novembro de 2004, foram criados 79.022 empregos formais e, em 2003, 34.804. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgados ontem pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

Para Marinho, a desaceleração da economia no terceiro trimestre criou um cenário negativo, o que fez as empresas anteciparem as demissões que seriam realizadas em dezembro e suspenderem contratações. No terceiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas pelo país) apresentou um recuo de 1,2% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior - o resultado foi anunciado no dia 30 de novembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por essa razão, ele acredita que, neste mês, o desempenho será menos pior do que o registrado em dezembro do ano passado, quando as demissões superaram as contratações em 352 mil.

A criação de vagas foi positiva em novembro nos setores de comércio e serviços, com 74.505 e 42.360 novos postos, respectivamente. No entanto, houve demissões acima das contratações nos setores de indústria de transformação (44.815), agropecuária (57.088) e construção civil (3.515). No caso da agricultura, a justificativa é a entressafra (cana-de-açúcar e cereais para grãos) principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sul.

No acumulado do ano, a criação total de empregos formais é de 1,540 milhão, contra 1,875 milhão do mesmo período do ano passado - uma desaceleração de 18%. Marinho acredita que a criação de empregos neste ano ficará em torno de 1,2 milhão. Já o próximo ano, na previsão do ministro, deverá repetir o resultado de 2004, ou seja, 1,5 milhão de novas vagas com carteira assinada.

Anteontem, o IBGE já havia divulgado, em sua pesquisa mensal de emprego, que, apesar da chegada do período de contratações temporárias, a taxa de desocupação não caiu, estagnando-se por seis meses em 9,6%. O instituto também identificou um ritmo menor na criação de vagas. Além disso, o efeito da criação de 50 mil novos postos entre outubro e novembro foi neutralizado pela entrada no mercado de trabalho de 49 mil novas pessoas em busca de emprego.

Com agências