Correio Braziliense, n. 22548, 11/12/2024. Brasil, p. 6
IA é vista com ressalvas em países da AL, diz pesquisa
Iago Mac Cord
Em quatro países latino-americanos, a inteligência artificial é vista com desconfiança. É o que mostra o estudo DemocracIA: Percepções sobre inteligência artificial e democracia em Argentina, Brasil, Colômbia e México”, cujo resultado mostra que 57% dos entrevistados nesses países acham inaceitável que a ferramenta produza conteúdos jornalísticos.
A pesquisa entrevistou 4.003 pessoas — mil na Colômbia e 1.001 em cada um dos demais países envolvidos na sondagem. Porém, esse nível de desaprovação com o uso da IA para gerar notícias cai consideravelmente quando as pessoas são questionadas sobre a personalização — “o que pode reforçar bolhas de opinião e, como consequência, a polarização”, segundo o levantamento.
De acordo com a pesquisa, 41% dos entrevistados descrevem como inaceitável que conteúdos jornalísticos personalizados para diferentes grupos sejam criados por IA. Já 44% dos entrevistados desaprovam a utilização da ferramenta para que seja definido se os conteúdos on-line são verdadeiros ou falsos, enquanto 39% acham que é aceitável.
Para a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a aplicação da IA no jornalismo deve ser feita com “extrema cautela e sob rigorosa supervisão humana”. “O estudo, que aponta uma rejeição majoritária ao uso de IA para criar notícias sem supervisão, reflete uma preocupação legítima: a preservação da credibilidade e da ética no jornalismo”, enfatiza.
Ainda segundo a Fenaj, “o papel do jornalista, com sua capacidade crítica, é insubstituível”. Para a Federação, conteúdo por IA “sem controle humano pode comprometer a qualidade da informação, aumentar o risco de desinformação e prejudicar a confiança do público na imprensa”.
A Fenaj aponta que a personalização de conteúdos e a classificação do que é verdadeiro ou falso pelas IAs generativas “devem ser encaradas com ressalvas, uma vez que envolvem critérios éticos e editoriais que requerem julgamento humano”.