Correio Braziliense, n. 22548, 11/12/2024. Política, p. 3

Congresso e ministros prestam solidariedade
Fernanda Strickland
Vanilson Oliveira
Vinicius Doria


Horas antes de se submeter à cirurgia de emergência por causa de uma hemorragia intracraniana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Na sessão de ontem, no Senado, Pacheco comentou o encontro com Lula. “Naturalmente, (estava)  abatido, em função do estado de saúde, mas me recebeu no seu gabinete e se despediu de mim com  um sorriso no rosto”, contou o senador. “Certamente, o presidente Lula, em breve, retornará suas  atividades, para o bem do Brasil, para o bem dos brasileiros.” Lira, por sua vez, disse que não haverá problemas na articulação política entre Legislativo e  Executivo em razão do problema médico de Lula. “Lamentamos muito. Na reunião que tivemos, ele  estava com dor de cabeça”, frisou. “Mas os ministros estão conduzindo o processo, não acho que  vamos ter nenhum tipo de solução de continuidade, porque o presidente está consciente, está se  comunicando, não tem nenhum tipo de problema.” A internação de Lula também foi assunto na cerimônia  em que  o vice-presidente Geraldo Alckmin recepcionou o premiê da Eslováquia, Robert Fico, no lugar do  chefe do Executivo.

Alckmin protagonizou um momento inusitado quando confundiu o nome do país com a Iugoslávia,  extinto em 2003. “O presidente Lula me pediu que transmitisse um afetuoso abraço e que  compartilhasse sua alegria de recebermos — aliás, é a primeira vez que um primeiro-ministro da  Iugoslávia visita o Brasil —, e nós estamos felizes e honrados”, disse Alckmin, que também é  ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O vice-presidente também ressaltou que a visita reforça a “política externa universalista  brasileira” e as afinidades entre os dois países. Expressou, ainda, solidariedade ao premiê pelo atentado que sofreu em maio deste ano, quando foi baleado. Fico, por sua vez, elogiou o acordo  entre Mercosul e União Europeia e desejou a Lula uma “pronta recuperação”.

Mudanças 

Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, desmentiu que haverá uma  reforma ministerial, sustentando que o tema não está em discussão no momento.

Segundo Padilha, o foco do governo é concluir o ano com a aprovação de medidas econômicas  estratégicas e a execução de recursos destinados a obras e programas prioritários.

De acordo com ele, mesmo em recuperação, Lula continua monitorando o andamento das pautas  estratégicas. “O presidente está hospitalizado, mas isso não impede o ritmo de trabalho e o  envolvimento do governo nas votações importantes para o país”, garantiu, durante coletiva no  Fórum dos Governadores.

Padilha foi categórico ao afirmar que o presidente não mencionou nenhuma troca de ministros  nas reuniões recentes. “Em nenhum momento o presidente Lula falou sobre reforma ministerial, seja  nas reuniões que participei, seja individualmente. O foco do governo, neste momento, está em  aprovar as medidas do marco fiscal, regulamentar a reforma tributária e concluir o orçamento até  o fim do ano”, declarou.

Ele disse que, entre as prioridades do governo, está a aceleração da execução de emendas  parlamentares e recursos destinados a programas como a redução de filas na saúde, obras de  infraestrutura e investimentos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).