O Globo, n. 32.292, 04/01/2022. Brasil, p. 4
Nas redes, posts de apoio, teorias da conspiração e memes
Bernardo Yoneshigue
Nas redes sociais, a saúde de Jair Bolsonaro voltou a ser tema de publicações, e o termo “Força Presidente” chegou aos trending topics do Twitter, assim como “Melhoras Presidente” e “Força Capitão”, que também demonstram apoio à recuperação do chefe do Executivo. Porém, termos que remetem a teorias conspiratórias sobre o episódio da facada de 2018, além de memes, foram extremamente compartilhados e se tornaram alguns dos assuntos mais comentados na plataforma.
A expressão “Fakeada”, utilizada por opositores de Bolsonaro que questionam a veracidade do atentado com faca sofrido pelo presidente é uma das teorias da conspiração que chegaram aos trending topics. “A cada dia, cada vez menos gente acredita na fakeada. Foi só uma tramoia pra ganhar eleição mesmo”, escreveu a blogueira e militante Lola Aronovich no Twitter.
Outra teoria conspiratória, propagada por apoiadores do presidente nas redes desde 2018, alega que o crime teria um mandante, e que seria um atentado por parte de partidos de esquerda. “É inacreditável que até hoje não saibamos (quem) mandou matar o Presidente!”, escreveu uma usuária. A hashtag que acompanhou a publicação, #QuemMandouMatarBolsonaro, chegou ao topo dos assuntos mais comentados da rede durante a tarde de ontem, com mais de 13 mil tweets.
Alguns políticos, como o filho do presidente e vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (Republicanos), fazem coro à teoria. O parlamentar escreveu, em sua conta no Twitter, que “crer que a facada de antigo filiado do PSOL foi um fato isolado não é inocência” e que “é tudo tão claro e a história sempre mostrou isso”. Também na rede social, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) afirmou que “a proteção dada ao Adélio Bispo é incrível e revoltante” e que “todos os envolvidos nessa trama são cúmplices”. Os termos “Adélio” e “Atentado” também permaneceram nos trending topics da rede.
As duas narrativas, no entanto, são rebatidas pela conclusão de dois inquéritos abertos pela Polícia Federal para apurar o caso. As investigações não encontraram indícios de armação e apontaram Adélio Bispo, preso em flagrante, como autor do crime. Além disso, afirmaram que ele “agiu sozinho, por iniciativa própria, tendo sido o responsável pelo planejamento da ação criminosa e por sua execução, não contando, a qualquer tempo, com o apoio de terceiros”.
O estado de saúde do chefe do Executivo também se tornou alvo de memes nas redes. O termo “Atestado” chegou aos trending topics no Twitter com usuários alegando que a internação de Bolsonaro seria para liberar o presidente do trabalho no primeiro dia útil do ano.
Outro termo que ataca o presidente e chegou aos assuntos com mais menções na rede foi “Vagabundo”. A expressão foi utilizada por usuários que relembraram os dias de recesso em que o presidente esteve no litoral de Santa Catarina enquanto o Sul da Bahia sofria com os temporais. Apoiadores do presidente chegaram a levantar a hashtag #BolsonaroOrgulhoDoBrasil, mas que não foi capaz de se sobrepor às críticas.