Correio Braziliense, n. 22554, 17/12/2024. Economia, p. 7

Relação dívida-PIB supera 81% em 2027


O Tesouro Nacional publicou, ontem, a primeira edição do Relatório de Projeções Fiscais deste ano, com dados ainda referentes ao primeiro semestre. De acordo com o documento, a projeção da relação entre a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) e o Produto Interno Bruto (PIB) deve atingir 81,6%, em 2027, para depois se estabilizar no ano seguinte, e começar a cair a partir de 2029.

Para 2024, a Secretaria do Tesouro estima avanço dessa relação para 77,7%. Isso representa um avanço de mais de três pontos percentuais na comparação com o ano anterior, quando a dívida bruta chegou a 74,3%.

No  relatório,  o  Tesouro responsabiliza a taxa básica de juros elevada — atualmente em 12,25% — e o deficit primário nas contas públicas como principais causas para o aumento dessa  relação. “Em comparação com o relatório publicado em março, o cenário para a DBGG do presente relatório mostra valores mais altos ao longo da trajetória, em função, principalmente, de uma taxa de juros mais elevada nos primeiros três anos da trajetória de projeções”, observa.

Após atingir o pico em 2027, o Tesouro avalia que a trajetória da relação Dívida-PIB recua a 81,1%, em   2029, até chegar a 75,6% ao final de 2034, último ano de referência para a análise. Já a Dívida Líquida — que subtrai o valor dos ativos do governo — também deve atingir o ponto máximo em 2027, em 69%.

O Tesouro projeta que as despesas totais do governo central devem chegar a 19,3% do valor total do PIB, em 2024, resultado pouco inferior à estimativa de 2023, de 19,6% (que desconsidera as últimas revisões do valor da atividade econômica no período). As receitas devem avançar de 17,5% para 18,7% ao final do ano. Vale destacar que o relatório não considera o pacote fiscal enviado pelo governo, ainda em discussão no Congresso.

A projeção do Tesouro para os próximos 10 anos considera um crescimento real médio do PIB de 2,7% ao ano, com crescimento nominal médio da massa salarial de 7,9%/ano, e estabilização da Selic em 6,4%/ano, a partir de 2030.