Título: Landim vai à Câmara e causa polêmica
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 23/12/2005, Brasília, p. D3

A secretária de Gestão Administrativa, Cecília Landim, transferiu ontem o seu gabinete para a Câmara Legislativa. O convite, foi feito pelos próprios parlamentares durante uma reunião de líderes partidários, causou mal-estar na Casa. Quando perceberam que a integrante do primeiro escalão do governo do Distrito Federal estava despachando com os servidores públicos no Legislativo, houve uma reação imediata. O deputado distrital Júnior Brunelli (PFL) classificou a situação de ''engraçada'' e externou a sua insatisfação. - Nós é que damos equilíbrio ao governo, mas a Cecília Landim age como se fosse deputada. Aqui não é o lugar adequado para conversar com os servidores. Não admito que as pessoas trabalhem para fazer plataforma política - reclamou o pefelista.

A indignação do distrital veio à tona depois que os projetos de reajustes dos servidores públicos chegaram à Casa. Os parlamentares alegam que a secretária discutiu as propostas com cada categoria sem chamar o Legislativo para o debate. O pedido para ir à Câmara ontem tinha um único objetivo: fazer com que Cecília Landim explicasse todo processo de negociação com os funcionários de 27 carreiras e os reajustes nos salários.

Eleições - A secretária Cecília Landim se defendeu da acusação de que estaria agindo de forma eleitoreira. Com medo de falar diante dos distritais, a secretária informou que ouviu os representantes dos sindicatos e associações de servidores, fez um estudo que embasou a distribuição do bolo e colocou a responsabilidade pelo mistério na confecção dos projetos no governador Joaquim Roriz.

- Só divulgo o conteúdo depois que o governador examina. Não posso mostrar os projetos para os deputados antes da aprovação do chefe do Executivo - justificou a secretária.

Depois da polêmica, Cecília Landim explicou as propostas para os distritais e fez questão de enfatizar que o Legislativo não poderá fazer emendas aumentando as despesas, o que representaria um vício de iniciativa. Na revisão que fez da tabela de vencimentos, a secretária informou que os reajustes variam de 5% a 21%. O aumento beneficiará 133 mil servidores e custará aos cofres públicos R$ 120 milhões em 2006.

- O tratamento não foi linear. Levamos em consideração as condições de trabalho e o número de beneficiados. Este ano, por exemplo, o governo só aumentou duas carreiras: Saúde e Educação, pois as obras eram prioridade. Mesmo assim, essas categorias vão receber apenas 5%. - afirmou Landim.

Pressão - Para pressionar os deputados, os funcionários lotaram a galeria e os gabinetes pedindo a aprovação dos dez projetos que aumentam os salários do GDF a partir de março de 2006. Os deputados, no entanto, votaram ontem oito itens, entre eles o aumento para os cargos de procurador de assistência judiciária e do sub-procurador geral do DF, cujos vencimentos básicos passam de cerca de R$ 2 mil para R$ 3,1 mil.

Hoje, os distritais discutirão outros projetos de interesse do Executivo com a presidente da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Maria Júlia Monteiro da Silva e a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Diana Motta. Pelo ritmo, a convocação extraordinária deve terminar até 30 de dezembro.