Título: Itamar Franco rebate as críticas de Lula
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/12/2005, País, p. A6

A relação entre o presidente Lula, o ex-presidente da República Itamar Franco (PMDB) e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB) azedou. É que Lula criticou os governadores, na sexta-feira, em Montes Claros (MG), quando afirmou que eles receberam recursos para recuperar estradas, mas não fizeram as obras.

Itamar Franco, que já foi governador de Minas Gerais (1999-2002), deu entrevista sábado, em Juiz de Fora (MG) para rebater às críticas do presidente Lula.

- Lamento as declarações infelizes e descorteses, emitindo juízo de valor sobre um ex-governador e o atual - disse Itamar.

Para o ex-embaixador do Brasil na Itália, é Lula quem está adiantando o processo eleitoral, e não a oposição.

Ao falar da medida provisória que transferiu trechos de de rodovias federais para os Estados em troca de recursos para os governadores, Lula exemplificou com os R$ 780 milhões que Minas recebeu nos últimos dias do governo Itamar.

Lula disse que o então governador não investiu nas rodovias e gastou R$ 500 milhões com salários dos servidores estaduais. E afirmou que o restante da verba, já no governo Aécio, também não foi usada nas estradas.

- Lula quem tem que explicar o porquê de não ter aplicado os recursos da Cide (a contribuição sobre combustíveis) nas estradas - rebateu Itamar.

Segundo o ex-presidente, há quatro dias do fim do seu governo ele recebeu recursos e não sabe o que foi feito pela Secretaria da Fazenda.

Itamar, que sempre repetiu que foi o primeiro governador a apoiar o então candidato Lula, disse que só pode atribuir a afoiteza do presidente à ausência de conselheiros capazes e verdadeiramente amigos

- A assessoria da Presidência deveria ter cuidado ao passar informações para serem utilizadas nos já famosos discursos improvisados de Lula. A autoridade presidencial tem que ter compromisso, antes de tudo, com a verdade - recomendou.

Para o governador de Minas, Aécio Neves, Lula desconhece as ações administrativas do seu próprio governo ao não ter informações sobre os impedimentos que levaram 15 Estados a não realizar as obras que hoje ele explora.