Título: Tsunami: dez anos para reconstrução
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/12/2005, Internacional, p. A8

Na véspera do aniversário de um ano do tsunami, a ONU informou que a reconstrução nos países afetados pode durar uma década. No mesmo dia, três tremores na Ilha de Nias, na Indonésia, deixaram em pânico os habitantes de uma das nações atingidas pelo maremoto no ano passado. Um quarto sismo abalou a cidade de Islamabad e outras localidades no Noroeste do Paquistão. Apesar do susto, nenhum dos terremotos deixou feridos ou causou danos materiais.

O alerta em relação à reconstrução foi feito pelo enviado especial do organismo para o tsunami, Eric Shwartz. O representante do Banco Mundial, Deepak Bjattasali, fez a mesmo previsão.

- Além de melhorias nas condições de vida dos desabrigados, é necessária também a aceleração do crescimento da economia, com a criação de postos de trabalho, assim como a restituição da capacidade institucional dos países - ressaltou Deepak Bjattasali.

O terremoto de 9,3 pontos na escala Richter que arrasou Indonésia, Paquistão, Índia e Tailândia entre outros do Sudeste Asiático, provocou ondas gigantes, que atingiram uma área de 3.200 km quadrados e destruíram 430 mil casas. A tragédia também deixou 2.500 crianças órfãs e forçou o deslocamento de 2 milhões de pessoas, além de 218 mil mortos.

Apenas na Indonésia, a nação mais castigada, o número total de mortes foi de 168 mil. Ontem, na ilha de Nias, a magnitude dos tremores foi baixa, de 4,6; 4,7 e 5,4. No Paquistão, o sismo teve a intensidade de 5,2 pontos na Escala Richter.

Margareta Wahlstrom, secretária-geral adjunta para Assuntos Humanitários da ONU, fez um apelo para que a resposta generosa da comunidade internacional - que foi de US$ 13,6 bilhões - continue nesta etapa de reconstrução.

Para evitar que uma tragédia como aquela se repita, estão sendo desenvolvidos sistemas de alertas para tsunami. Além disso, também são realizados exercícios de treinamento de evacuação em caso de emergência.

Ontem, começaram as homenagens às vítimas do tsunami. Parentes rezaram nas túmulos e muitos turistas retornaram às nações afetadas para levar coroas de flores àqueles que perderam.

- Depois que vim aqui, de alguma forma, me senti satisfeita - afirmou Dasniati, uma mãe que fez uma viagem de 15 horas até chegar na sepultura coletiva de 47 mil vítimas do maremoto, na província de Aceh, na Indonésia, onde estaria enterrada sua filha. - Rezo para que Alá a aceite ao seu lado.

Hoje, o país que mais sofreu com a tragédia, fará um minuto de silêncio. No Sri Lanka, bandeiras serão erguidas a meio mastro. Na Índia, centenas de pessoas vão participar de uma marcha silenciosa. Na Tailândia, centenas de lanternas flutuantes serão colocadas no mar.