Título: Delegacia recolhe 57 moradores de rua
Autor: Marco Antônio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2004, Rio, p. A14

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) tirou ontem 57 jovens das ruas, sendo 48 menores de idade. A operação tinha o objetivo de combater os assaltos na orla e dar mais segurança aos turistas. Entre os recolhidos estava um menor com mandado de busca e apreensão a ser cumprido. O trabalho de inteligência da Polícia Civil, que é coordenado pelo subchefe José Renato Torres, será reforçado com a criação de um novo cadastro para arquivar nomes e fotos de menores que não forem identificados como infratores. Com apoio de policiais do 19º BPM (Copacabana), a DPCA começou a remover os menores das calçadas por volta de 7h, quando ainda dormiam. De acordo com o delegado titular da DPCA, Claudio Otero Ascoli, ninguém foi apreendido em flagrante delitos. Entre os nove moradores de rua que tinham idade acima de 18 anos, a polícia descobriu que Diego dos Santos Tenório, 19, tem um mandado de busca e apreensão por ter cometido um roubo antes de completar 18 anos. Apesar de ser maior de idade, ele cumprirá medida sócio-educativa da Justiça.

Os menores que não têm mandados de busca e apreensão serão encaminhados para abrigos da Prefeitura do Rio, mas poderão voltar às ruas se quiserem.

- As pessoas têm de estar conscientes que se continuarem dando dinheiro aos menores, eles continuarão preferindo a rua - alertou o delegado.

Ele afirmou ainda que os menores serão investigados pela recém-criada Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Decav). O objetivo é responsabilizar os pais pelos crimes de abandono material e abandono intelectual - falta de apoio ao estudo.

Na sala da DPCA, onde ficaram apreendidos, os menores e jovens contaram que não foram recolhidos com violência pelos policiais. Muitos diziam morar com os pais em morros do Rio e da Baixada Fluminense. O mais novo, com nove anos, foi apreendido no Arpoador e se dizia morador do Morro do Barbante, na Ilha do Governador.

- Moro com a minha mãe. Mas fui cedo para o Arpoador porque queria participar de umas aulas de malabarismo - contou ele, que se referia ao curso Trupe da Criança, oferecido pela Prefeitura do Rio.