Título: É preciso investigar
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/12/2005, Opinião, p. A12

Merece elogios a decisão do ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal, que desfez a barreira e permitiu a investigação do fundo de pensão Prece, dos funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) do Rio. Incluído na lista de suspeitos de abastecerem financeiramente campanhas eleitorais pela CPI dos Correios, as aplicações desse fundo, assim como de todos os outros, precisa deixar de ser uma caixa-preta. Desde que se transformaram num dos maiores investidores do mercado financeiro, com as privatizações promovidas pelo governo Fernando Henrique no anos 90, as entidades ligadas a estatais não atraíam tanto a atenção quanto durante a apuração do mensalão. Tornaram-se instrumentos políticos.

E protagonizam um dos grandes escândalos dos últimos 30 ano do mercado acionário brasileiro. A maioria dos fundos vem sendo manipulada por gente de fora e de dentro. Tem-se a impressão de que o Estado foi privatizado. Grandes investidores do país passaram a mergulhar em cédulas, não por competência mas pelas conexões com aqueles que manipulam recursos de fundos de pensão.

No caso do Prece, a apuração é mais do que urgente. A empresa de água e saneamento fluminense sempre foi, e continua a ser, a única jóia da coroa aberta para acordos políticos no estado. Portanto é do interesse, não apenas de todo brasileiro mas especialmente do cidadão do Rio de Janeiro, ir até as últimas conseqüências para se descobrir o que se passou, ou pode estar se passando, por lá.