Título: Pela cabeça de Lula
Autor: Marcelo Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 26/12/2005, Outras Opiniões, p. A13

Os resultados das recentes pesquisas de opinião pública, feitas pelo CNI/Ibope e pelo Datafolha, com relação às eleições presidenciais do ano que vem, vão mudar a política econômica.

Lula perde para José Serra tanto no primeiro quanto no segundo turno, nas duas sondagens.

Os percentuais são quase idênticos; no Ibope as diferenças são de seis pontos no primeiro turno e 13 pontos no segundo. No Datafolha: sete, no primeiro e 14 no segundo.

As reclamações contra a política econômica foram iniciadas pelo vice-Presidente, José Alencar, que chegou a considerá-la um ''crime'', responsável pela queda do PIB (Produto Interno Bruto) a níveis muito inferiores aos dos outros países da América Latina.

Os protestos contra a política dos juros altos e do superávit primário, incompatíveis com um país em desenvolvimento, foram apoiados por quase todos os ministros, com exceção dos envolvidos diretamente no problema.

Não é somente a política econômica do governo que tem a contestação dos eleitores. Pela primeira vez a pesquisa CNI/Ibope constatou que a administração petista é catastrófica na sua essência. Foi reprovada expressivamente nas áreas de combate à fome e à pobreza, educação e saúde, segurança pública, desemprego e na redução de impostos.

Em junho de 2003, 76% dos brasileiros confiavam em Lula; hoje, apenas 43% confiam. Na mesma época, 70% aprovavam o governo do PT; hoje não chegam a 42%. Estes indicadores no governo Lula certamente têm tendência de baixa. Índices crescentes de reprovação afastam a possibilidade de vitória em eleições majoritárias.

A administração petista é um fenômeno de incompetência política; conseguiu aumentar o seu percentual de condenação simultaneamente nas classes mais pobres e nas mais ricas. Lula perde em todos os seguimentos.

Serra avança sobre Lula entre os entrevistados com menor nível de renda e escolaridade, no interior e nas regiões metropolitanas.

As pesquisas detonaram um alerta no Palácio do Planalto. Assustadas, as cúpulas do PT, PSB e PC do B, (possíveis aliados do presidente Lula na sua candidatura à reeleição), reuniram-se para pedir mais agressividade na condução da política social e econômica. O mesmo que foi solicitado na primeira reunião do novo diretório do PT.

Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, ''o governo não faz sinalizações, não traça cenários, objetivos, nem estabelece meios para atingi-los. Há uma sensação geral de desânimo no país. Afetando as iniciativas da sociedade e decisões de cidadãos e empresas''.

O governo Lula está vivendo, ininterruptamente, mais de duzentos e cinqüenta dias de crises morais, éticas, administrativas e de probidade.

Enquanto Lula afirma ser vítima de infâmias, calúnias e conspirações da direita, as Comissões Parlamentares de Inquérito, a Polícia Federal e o Ministério Público apuram diariamente todo o tipo de corrupção.

Os assaltos ao dinheiro público teriam começado nas administrações municipais petistas e sucederam-se nas ante-salas do gabinete do Presidente da República, de vários ministros e diretores de estatais.

São bilhões de dólares, que tudo indica, foram roubados do povo brasileiro com a conivência e a locupletação do governo petista.

O presidente Lula não compreende que o país está se tornando inviável. Desabafou com este final aterrorizante: ''Este país tem governo. Este país é dono do seu nariz e nós queremos errar e acertar, mas pela nossa própria cabeça...''