O Estado de S. Paulo, n. 47879, 18/11/2024. Política, p. A11
Deputado da bancada da bala é expulso de clube de tiro após curso com crianças
Levy Teles
Vinícius Valfré
O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), integrante da bancada da bala da Câmara, foi excluído do clube de tiro do qual era um dos donos depois de ser acusado de enganar sócios e promover curso de tiro com a presença de crianças.
O da empresa. O cumprimento da medida está registrado na Junta Comercial de São Paulo. parlamentar entrou numa briga com os antigos sócios da Puma Tactical, clube localizado em São Paulo, que foi parar na Justiça. A decisão mais recente determinou sua saída.
Procurado, Bilynskyj disse, por meio de assessoria, que os ex-sócios “se aproveitaram da imagem do parlamentar para alavancar o negócio”. Sobre os menores de idade, negou qualquer irregularidade. “As crianças aparecem em fotos durante a reunião final do curso, em um momento de confraternização, na qual a mãe deles estava presente. Portanto, não houve nenhuma irregularidade.”
Contudo, em depoimento à polícia a que o Estadão teve acesso, a mãe dos rapazes relatou que levou os filhos, de 16 e 12 anos, e que o adolescente participou da instrução oferecida por Bilynskyj a um custo de R$ 1,4 mil por pessoa.
O deputado promoveu, em janeiro de 2022, um curso de prática de tiro chamado “projeto policial”. Entre os alunos havia dois menores de idade, o que só poderia ocorrer sob determinadas circunstâncias.
À época, valiam os efeitos de uma decisão da então ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). A participação de menores de 18 anos em prática de tiro só poderia ser realizada mediante autorização “As crianças aparecem em fotos durante a reunião final do curso, em um momento de confraternização, na qual a mãe deles estava presente. Portanto, não houve nenhuma irregularidade” Paulo Bilynskyj Deputado federal (PL-SP) judicial, de forma que só o aval de pais não seria suficiente.
O caso virou alvo de apurações do Ministério Público de São Paulo e da Corregedoria da Polícia Civil do Estado, uma vez que o deputado é delegado da instituição. Bilynskyj disse que o inquérito foi arquivado.
‘FALTA GRAVE’. Os sócios de Bilynskyj moveram dois processos sobre o mesmo tema, separados, que acabaram analisados em conjunto pela Justiça. Primeiro, o deputado conseguiu decisão que suspendia sua remoção da empresa feita administrativamente pelos ex-sócios. Em seguida, porém, a Justiça entendeu que ele deveria ser excluído com base na “falta grave” cometida.
O juiz André Salomon Tudisco, da 1.ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem, considerou, em decisão de abril de 2023, que a permissão para as crianças e as investigações iniciadas são suficientes para “colocar em risco a atividade empresarial” e ordenou a exclusão do parlamentar da empresa. •