Título: Interesse da Delta pelo Brasil decola
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 26/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

O Brasil tem importância cada vez maior no plano da Delta Airlines de se transformar em uma empresa de aviação global. Protegida desde 14 de setembro deste ano pelo Chapter 11, legislação americana que abriga companhias com dificuldades de quitar dívidas, semelhante à recuperação judicial brasileira, a Delta vê nas operações por aqui um dos setores em que permanece rentável.

Em 2005, o crescimento do número de passageiros transportados pela empresa no país foi de 80%, fruto da entrada em operação do segundo vôo diário entre São Paulo e Atlanta, em dezembro do ano anterior, e da estréia de uma linha direta por dia entre Rio de Janeiro e Atlanta, em outubro deste ano. Mesmo com o aumento da oferta, a taxa de ocupação da Delta para o Brasil vai fechar 2005 acima dos 70%.

- O novo vôo é um grande sucesso porque hoje são muito poucas as opções para sair do Rio de Janeiro sem passar por São Paulo. Sinceramente, não esperávamos uma resposta tão boa, principalmente na classe executiva - diz Christophe Didier, gerente regional para a América do Sul.

A expansão no Brasil caminha junto com o crescimento em toda a América do Sul. Com ligação para as cidades de Buenos Aires, Santiago, Lima, Bogotá e Caracas, além de Rio e São Paulo, a empresa opera 60 vôos semanais para o continente, utilizando 14 aeronaves, Boeings 757 e 767.

- Hoje somos a segunda companhia com o maior número de ligações entre a América do Sul e a América do Norte - comemora Didier.

O avanço para o Cone Sul reflete a crescente internacionalização da companhia. Desde que comprou as rotas da PanAm entre Estados Unidos e Europa, em 1990, a Delta vem aumentando suas operações fora dos Estados Unidos. Há dois anos, apenas 20% dos negócios da empresa vinham de vôos internacionais. Até o fim de 2006, a expectativa é de que esta proporção esteja próxima dos 35%.

- A meta é atingir o patamar de número um nos vôos entre os Estados Unidos e a Europa - afirma Didier.

Atualmente, a Delta é a segunda maior empresa do mundo neste trecho, atrás apenas da British Airways.

- O plano é nos transformar cada vez mais em uma empresa global. Vamos lançar vôos para todos os lugares - acrescenta.

Os vôos internacionais são a chave para a empresa deixar a proteção do Chapter 11. A expectativa é de que a Delta supere a turbulência em 2007. Segundo Didier, 2006 deve ser o último ano das operações no vermelho.

Desde 2002, a Delta Airlines conseguiu cortar custos da ordem de US$ 5 bilhões por ano. Até 2007 este valor deverá crescer em US$ 3 bilhões anualmente. Entre as principais mudanças implementadas estão a renegociação de todos os contratos de leasing da frota de mais de 600 aeronaves e a queda do tempo de permanência dos aviões no chão.

- Não há nada oficial, mas se o plano de recuperação for implementado com sucesso, sairemos do Chapter 11 em 2007. Não tenho bola de cristal, não sei o que vai acontecer no futuro, mas o plano é este - ressalta o executivo, assegurando que as reformulações não afetarão os cerca de 60 funcionários da empresa no Brasil.