Título: Tecnologia brasileira cresce no espaço
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Jornal do Brasil, 26/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

Depois de passar por uma revisão crítica este ano, o programa espacial brasileiro parte para uma nova fase em que pretende mostrar a importância e os benefícios que seus projetos trazem para a sociedade e para a indústria nacional. Em meio a esse cenário, a Agência Espacial Brasileira (AEB) pretende ampliar, por meio de emendas parlamentares, a verba prevista para o programa em 2006 para US$ 200 milhões (R$ 466 milhões). A proposta de investimento para o orçamento de 2006 é de US$ 100 milhões (R$ 233 milhões), montante superior aos R$ 201 milhões aprovados para 2005.

Grande parte da estratégia terá que ser executada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atualmente sob comando do seu novo diretor, o engenheiro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Gilberto Câmara, que assumiu o cargo no começo deste mês. O desafio será o lançamento de cinco novos satélites em nove anos.

- A produção de serviços pelo Inpe deve estar focada no atendimento às missões de grande impacto do governo, como o monitoramento do desmatamento na Amazônia - disse Câmara.

No próximo ano, os pesquisadores da instituição têm como meta o lançamento do satélite CBERS-2B, que dará continuidade à geração de imagens do território brasileiro. O Brasil se tornou o maior distribuidor de imagens de satélites do mundo este ano, com o CBERS-2, que está em órbita desde outubro de 2003. O lançamento do satélite e a disponibilidade gratuita dos seus dados pela internet resultaram na distribuição de mais de 160 mil imagens.

O Inpe entrega hoje uma média de 350 imagens por dia do satélite CBERS para 6,4 mil usuários de duas mil instituições. Entre as principais aplicações das imagens do CBERS estão o controle do desmatamento e das queimadas na Amazônia Legal, o monitoramento de recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano e ocupação do solo.

O Inpe também trabalha no desenvolvimento do CBERS-3, que será lançado em 2008. Com o CBERS-3 e CBERS-4 (a ser lançado em 2010), o Brasil aumentou de 30% para 50% a sua participação no desenvolvimento dos satélites do programa. Com isso, o Inpe vai contratar a indústria nacional para fazer o subsistema de telecomunicações, de transmissão de dados e gravador de bordo digital, além do computador de bordo e dos painéis solares.

A nova política industrial do Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), segundo Câmara, promoveu uma relação equilibrada entre o Inpe e a indústria brasileira. No programa CBERS, 80% dos contratos são feitos com a indústria brasileira.

Hoje, 20 empresas trabalham com o Inpe nos satélites desenvolvidos para o programa espacial. A área de ciência espacial no Inpe desenvolve os satélites Equars (monitoramento da atmosfera equatorial) e Mirax (medida de emissões de raios-X no universo) para 2008. Um satélite radar - SSR-2, que será feito em parceria com a Alemanha - deve ser lançado em 2010.