Título: Este ano, paralisação de professor durou 112 dias
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 27/12/2005, País, p. A2

Faltando doze dias para o final deste ano, os professores das universidades federais deram por encerrada a mais longa greve já registrada no ensino superior. Entre as batalhas travadas na área, neste ano, a paralisação que durou 112 dias foi a mais noticiada, e nem por isso teve impacto proporcional na imagem do governo.

Enquanto a greve de 2001 pôs fim às pretensões do então ministro da Educação, Paulo Renato, à corrida presidencial de 2002, a deste ano, mais duradoura, mas obscurecida pela crise política que dominou 2005, não chegou a arranhar a imagem do ministério, e pouco repercutiu sobre a administração de Luiz Inácio Lula da Silva.

A greve de 2001, a segunda mais longa, durou 108 dias. Ela ocorreu no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Antes, em 1998, outra paralisação já havia interrompido as aulas por 104 dias.

Ainda que os professores universitários tenham conseguido a promessa de um reajuste de 9,45% sobre seus salários-base, a partir de 2006, o ensino superior perdeu em relevância para a educação básica entre as principais ações do governo. Muito por conta da necessidade de contrapor o noticiário sobre os escândalos de corrupção, a fatia mais popular e numerosa da pasta de Educação foi mais valorizada pelo governo.

Mesmo assim, o programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas parciais ou integrais para alunos de baixa renda matriculados em universidades particulares, é um dos carros-chefe do Ministério da Educação. Para participar do programa, o estudante tem que ter cursado o ensino médio completo em escola pública ou ter sido bolsista integral em escola particular.

A ênfase do programa em assistir a população de baixa renda também fez com que o governo anunciasse que em 2006 os estudantes que fazem parte das cotas para portadores de necessidades especiais, negros, pardos ou indígenas no Prouni devem contar com 30% das 90 mil vagas disponíveis nas universidades privadas, no primeiro semestre de 2006. Ao todo serão mais de 26 mil vagas para os alunos ''cotistas''.

Em 2004, na primeira edição do programa, foram distribuídas 112 mil bolsas. Em 2006, o número de bolsas subiu apenas 12 mil, passando para 130 mil. Desse total, 90 mil serão distribuídas ainda no primeiro semestre e dois terços serão integrais. (K.C.)