Título: Lula 'garante' crescimento
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/12/2005, País, p. A3

Diante da frustração com o desempenho da economia este ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ''garantiu'' ontem que, em 2006, o país viverá um crescimento ''vigoroso e mais sólido'', com a queda consistente dos juros. Em 2004, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 4,9% e a previsão para 2005 é de crescer apenas 2,5%. - Olha, não prometo, garanto ao povo brasileiro que nós vamos ter um Brasil se desenvolvendo muito mais em 2006, com um crescimento mais vigoroso e mais sólido, porque nós fizemos o que tínhamos que fazer em 2003, 2004 e 2005, ou seja, fizemos alguns sacrifícios para que a gente pudesse controlar a inflação - discursou o petista em seu programa semanal de rádio, ''Café com o Presidente''.

Lula não só prometeu crescimento ''vigoroso'' como elogiou a redução da política de juro a que chamou de ''consistente'' e disse que que o tempo do sacrifício chegou ao fim. O discurso de ontem faz referência ao abalo que o governo sofreu em sua política econômica, que vinha escapando das críticas até o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 1,2% no terceiro trimestre.

Apesar desses revezes, Lula tentou destacar pontos positivos na área econômica. Disse que o pagamento antecipado da dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI) , de US$ 15,5 bilhões, na semana passada, deixou o país ''mais senhor do nosso nariz'', e que ''tudo vai melhorar em 2006'', quando deve tentar a reeleição.

O pagamento antecipado ao Fundo Monetário Internacional, no entanto, não representará mudança significativa na condução da economia. Um dos pontos mais criticados, o superávit primário (economia para o pagamento de juros) deverá permanecer com a mesma meta deste ano - 4,25% do PIB. Mas, segundo Lula, em 2006 o governo pretende investir mais:

- Mais investimentos vai significar mais indústrias, mais empregos, mais salários, mais compra no comércio, mais pedidos nas empresas. E vai significar o desenvolvimento no Brasil, como eu sonho e acho que como todos os brasileiros sonham e acreditam - discursou.

Lula, que não costuma tocar em temas polêmicos no programa semanal, já que a ''entrevista'' é conduzida por um jornalista da agência de notícias do governo, ontem mencionou a ''disputa política''.

- Acho que o papel do presidente não é fazer com que a disputa política tome conta do dia-a-dia administrativo , tome conta do desenvolvimento do país - afirmou o presidente referindo-se ao comportamento da posição.

Lula afirmou que a eleição ''não deve atrapalhar'' o crescimento do país no ano que vem e que ''o governo não se abala'', vinculando a intensidade das denúncias contra o PT ao processo eleitoral de 2006.

- Nós temos a nosso favor os números do IBGE, nós temos a nosso favor os números da economia, nós temos a nosso favor os três anos de experiência, de tranqüilidade, mostrando ao povo brasileiro que o governo não se abala, por mais grave que seja a situação - disse.

O programa foi gravado à distância. O presidente Lula estava em sua casa em São Bernardo do Campo, onde passou o Natal com a família. No final, Lula, que em entrevista recente foi questionado se era verdade que ele não gostava de trabalhar, aproveitou para dizer o que fará neste final de ano:

- Estarei em Brasília esta semana inteira, trabalhando para que o Brasil continue sempre caminhando para a frente.

Folhapress