O Estado de S. Paulo, n. 47880, 19/11/2024. Economia & Negócios, p. B2
Fazenda prevê recuo da inflação com menor pressão de tarifas
Fernanda Trisotto
Amanda Pupo
Daniel Tozzi Mendes
No documento divulgado ontem, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda afirma que houve um avanço da inflação entre agosto e outubro por conta de fatores como o peso dos preços dos alimentos no orçamento doméstico. O órgão diz que o período também foi marcado pelo avanço de preços monitorados, no caso das tarifas de energia. “Até o final do ano, deverá haver desaceleração nos preços de monitorados, mas aceleração dos preços livres. Itens com preços mais voláteis, mais afetados pela dinâmica do câmbio e do clima, explicam o aumento na projeção de inflação em 2024. Nesse sentido, vale reforçar que, para a média das cinco principais métricas de núcleo, a previsão de inflação se manteve em 4%”, explicou a secretaria.
A expectativa é de que, a partir deste mês, a inflação acumulada em 12 meses volte a cair. Esse cenário incorpora a adoção da bandeira verde para as tarifas de energia (sem a aplicação de encargos extras para os consumidores), ainda que novos eventos climáticos possam provocar impacto. No caso dos preços de itens como carne bovina, a secretaria aposta em uma perspectiva positiva para a safra de 2025.
O Ministério da Fazenda também revisou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros da pasta, a estimativa para o indicador neste ano passou de 4,10% para 4,40%. Para 2025, a projeção foi de 3,20% para 3,40%. CAMPOS NETO. Em evento ontem, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a adoção de programa de corte de gastos, que daria mais sustentação às contas públicas e poderia ter efeito positivo sobre as expectativas do mercado.
Mas, segundo ele, esse esforço deveria focar apenas a redução de despesas. “O mercado entende hoje que, para ter efeito de choque positivo, tem de ser baseado em corte de gasto, e não em (novas medidas de aumento da) receita”, disse Campos Neto.