O Globo, n. 32.295, 07/01/2022. Saúde, p.15
Vazamento expõe documentos de médicos pró-vacina
Mariana
Carneiro, Dimitrius Dantas e Melissa Duarte
Documentos
com os dados pessoais de três médicos que defendem a vacinação de crianças, que
estavam em poder do Ministério da Saúde, foram vazados nas redes sociais por
grupos que alimentam correntes contra a imunização. A informação foi publicada
pela coluna de Malu Gaspar no site do GLOBO.
Os
médicos Isabella Ballalai, vice-presidente da
Sociedade Brasileira de Imunizações, Marco Aurélio Sáfadi,
da Sociedade Brasileira de Pediatria, e Renato Kfouri, diretor da Sociedade
Brasileira de Imunizações, tiveram as suas declarações de conflito de
interesses, entregues ao ministério, divulgadas na íntegra na internet, junto
com os números de celular, e-mail e CPF.
Os
três apresentaram argumentos a favor da vacinação de crianças de 5 a 11 anos na
audiência pública organizada pelo Ministério da Saúde, na última terça-feira.
As
declarações são uma providência habitual no meio médico para eventos como
audiências públicas e apontam para quais empresas o especialista prestou
serviços, como palestras, nos últimos cinco anos. Elas foram preenchidas a
pedido do ministério e enviadas pelos médicos à pasta logo após receberem o
convite para participar do evento.
A
deputada Bia Kicis (PSL-DF), que participou da
audiência e se disse contrária à vacinação obrigatória de crianças, admitiu à
equipe da coluna que compartilhou as declarações em um grupo de WhatsApp, mas
nega que seja a responsável pelo vazamento.
Ataques à Anvisa
Ontem,
o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) durante transmissão nas suas redes sociais, Bolsonaro
insinuou que a agência estaria se tornando um “outro poder” e que tem se
portado como “a dona da verdade”.
Durante
a live, Bolsonaro levou um papel com uma lista de todos os possíveis efeitos
colaterais da vacina e leu para os seguidores. O presidente também insinuou que
o imunizante ainda era experimental.
A
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) rechaçou críticas de autoridades à
aprovação da vacinação de crianças. Em nota de repúdio divulgada ontem, a
entidade argumenta que é “lamentável” e “irresponsável”