Título: Renda puxa vendas no comércio
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2004, Economia, p. A18

Setor cresce 8,87% em setembro e marca o 10º mês consecutivo de alta frente ao ano anterior

As vendas do comércio subiram 8,87% em setembro, na comparação com igual mês de 2003, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto, haviam crescido 6,95%. O ramo de supermercados e lojas de alimentos e bebidas, no qual a maior parte das compras é à vista e não depende do crediário, foi determinante para o desempenho do comércio, com alta de 9,17% ante setembro de 2003.

Os resultados positivos do setor e a melhora nas vendas de itens que dependem da recuperação da renda devem continuar.

Bráulio Borges, da consultoria LCA, estima que as vendas de hipermercados e supermercados sigam em recuperação. Ele calcula que, excluídos efeitos sazonais, elas devam ter crescido cerca de 0,5% em outubro comparadas com o mês anterior. Taxa modesta, diz ele, mas saudável para um setor que tem crescido a taxas semelhantes desde o final do ano passado, o que pode sinalizar aumento gradual, ainda que pequeno, do poder de compra.

Dados positivos do comércio não são novidade: setembro foi o décimo mês seguido de expansão. O que mudou, diz o IBGE, foi que antes o crescimento era concentrado em móveis e eletrodomésticos, sob impacto das boas condições de crédito. Agora, os não-duráveis (como alimentos, bebidas e roupas) se recuperam. Com o crediário mais farto e juros menores do que em 2003, as vendas de móveis e eletrodomésticos dispararam até meados do ano. Em setembro, já começaram a desacelerar - com alta de 20,32%, contra 28,81% em agosto.

Pelos dados trimestrais, o comércio como um todo mostra tendência de desaceleração, apesar de o nível de expansão se manter forte. O setor crescera 11,26% no segundo trimestre. A taxa baixou para 9,27% no terceiro.

- O crédito está perdendo fôlego. Em contrapartida, o fator renda ganha espaço. Até o primeiro semestre, o crédito era um fator preponderante para o crescimento do varejo. Agora, a renda já influencia - diz Nilo Lopes de Macedo, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.