Título: Palocci terá que explicar intervenção
Autor: Mariana Mazza e Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2004, Economia, p. A19

Senador pede esclarecimentos após rumores de que prefeituras e estatais teriam contas no Banco Santos

O receio de que bancos públicos mantivessem contas de investimento no Banco Santos - que está sob intervenção do Banco Central desde a última sexta-feira - fez com que o senador César Borges (PFL-BA) apresentasse ontem requerimento com informações ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre o caso. O pedido foi aceito, mas não tem caráter convocatório, o que dispensa votação de senadores para ser aprovado. Borges quer que o Ministério da Fazenda envie uma relação com todas as entidades públicas federais que possuam recursos depositados no Banco Santos, em qualquer modalidade de aplicação. O pedido vale tanto para empresas da administração pública direta quanto indireta. Além do PT, que já confirmou ter recursos depositados no Banco Santos, outras prefeituras e fundos de estatais também teriam dinheiro em contas bloqueadas. O senador solicitou também informações sobre possíveis danos ao erário público provocados pelos problemas na instituição bancária.

A preocupação, segundo análise do senador, é que, caso fique comprovado que o governo possuía contas no Banco Santos e que a situação financeira da instituição bancária é insolúvel, o resultado acarretaria em prejuízos para a União.

Ontem, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) começou a enviar para 1.090 clientes instruções sobre pagamentos de financiamentos obtidos através do Banco Santos. O número refere-se a operações com valores inferiores a R$ 10 milhões, realizadas pelo banco sob intervenção com recursos da instituição oficial de fomento, correspondendo a uma carteira total de R$ 950 milhões.

De acordo com o BNDES, o total de recursos concedidos via Banco Santos até o ano passado somava R$ 1,15 bilhão. O montante, no entanto, teria sido reduzido quando a instituição privada começou a receber os primeiros rebaixamentos de notas de agências de rating (avaliadoras de risco).

Antes devedores do Banco Santos, os tomadores de empréstimo terão os débitos transferidos diretamente para o BNDES, a quem deverão fazer os pagamentos, por meio de uma conta do Banco do Brasil.