Título: Cesar Maia quer desgastar o ex-aliado
Autor: Florença Mazza
Fonte: Jornal do Brasil, 27/12/2005, País, p. A4

O prefeito do Rio, Cesar Maia, anunciou ontem como pretende minar a candidatura de seu ex-aliado político Sérgio Cabral (PMDB) ao governo do Estado. Segundo o prefeito, a intenção é ''colar'' a imagem do senador - que chegou a indicar três secretário municipais na gestão anterior de Cesar - à do secretário de Governo do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho.

- O Sérgio Cabral em campanha vai descobrir que Garotinho não dá voto. Ele tira voto e não transfere aquilo que tem. Quando descobrir isso ele vai tentar um certo afastamento. A nossa tática é colá-lo no Garotinho. Vamos perguntar à população: ''Você quer que continue isso como está?'' Se está satisfeito com o governo Garotinho e Rosinha, vá de Sérgio Cabral. Se não está, vai buscar outra alternativa. Nós somos uma delas - explicou.

O prefeito garante que não pretende se candidatar ao Governo e anunciou seu apoio ao atual secretário municipal de Obras, Eider Dantas. Segundo o prefeito, de acordo com as pesquisas que tem feito, o candidato do PMDB teria hoje em torno de 25% dos votos; o também senador Marcelo Crivella ficaria com 20%; a deputada Denise Frossard (PPS) teria 12%; e Eider Dantas, 5%.

A esperança do prefeito estaria, no entanto, no fato de quando seu nome é colocado na pesquisa, o Sérgio Cabral cair para 12%.

- Isso mostra que o eleitor dele não está firme. Crivella com ou sem meu nome fica aí em torno de 18% a 20%. Denise, botando meu nome, vem para uns 8% ou 9% - analisa.

Indagado sobre seu já anunciado apoio à candidatura do prefeito de São Paulo, José Serra, à Presidência da República, Cesar reiterou a opção e acentuou as críticas ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

- O Serra é mais temático. Veio da esquerda, foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi exilado. Ele é menos regional. O Alckmin é totalmente regional. Foi prefeito de Pindamonhangaba, depois foi deputado, deputado constituinte, deputado federal, vice-governador. Ele é um político de características regionais - atacou.

Nas últimas semanas, o prefeito do Rio abriu uma crise interna no próprio PFL, do qual é vice-presidente, ao declarar que abriria mão da candidatura própria à Presidência em nome do apoio a José Serra. Ontem, ele voltou a reforçar a tese e disse inclusive que caso o PSDB opte por Geraldo Alckmin com candidato, pode perder o apoio do PFL.

De acordo com o prefeito do Rio, a direção nacional do PFL ainda deseja ter candidato próprio e os índices de aceitação de Alckmin - mais baixos que os de Serra - podem fazer com que o PFL opte pela candidatura própria.

- Com o Alckmin sendo candidato, o apoio depende da competitividade. O PFL insiste em ter candidato próprio. Minha decisão é continuar aqui, mas a volatilidade da política é tão grande que não dá para dizer que dessa água não beberei. No caso do governo do estado isso já tá decidido. No caso da presidência, surgindo umas circunstâncias...