Correio Braziliense, n. 22560, 24/12/2024. Política, p. 3

Na TV, Lula fala em harmonia entre Poderes
Raphael Pati


Em tradicional discurso da véspera de Natal, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou a relação do Executivo com os Três Poderes e com os governos estaduais e municipais. No pronunciamento em cadeia nacional, na noite de ontem, Lula disse que o diálogo e trabalho conjunto com outras esferas do poder público é a “base de tudo o que fazemos”.

“Sempre acreditei que governar é cuidar das pessoas, cuidar de todos os brasileiros e brasileiras, com um olhar especial com aqueles que mais precisam. A base de tudo o que fazemos é o diálogo e o trabalho conjunto do governo federal com a sociedade, os governos estaduais e as prefeituras. É o respeito e a harmonia entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É a defesa intransigente da democracia”, destacou o presidente, durante o discurso.

Submetido recentemente a duas cirurgias para drenar um hematoma da cabeça, após sofrer uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada, Lula aproveitou para agradecer as orações e as mensagens de carinho recebidas durante a emergência médica. “Graças a essa corrente de solidariedade, estou ainda mais firme e mais forte para continuar a fazer o Brasil dar certo”, disse.

No pronunciamento, destacou também questões relacionadas à segurança alimentar e ao emprego, em um ano marcado pelo debate sobre a duração da jornada de trabalho — contemplada na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6x1, que não avançou no Congresso Nacional. “Esse é o momento de renovarmos a nossa esperança. Esperança em um país mais justo, um Brasil sem fome, onde cada mulher e cada homem tenha trabalho digno e tempo para acompanhar o crescimento de seus filhos. Que cada mãe e cada pai tenha a felicidade de saber que os seus filhos estão bem cuidados, saudáveis e protegidos”, reforçou. Ao final do discurso, Lula — que chega à metade do terceiro mandato — disse que ainda tem “muito a fazer” nos próximos dois anos no Palácio do Planalto. “Estamos colhendo os frutos do nosso trabalho, mas é preciso continuar plantando. Semear e adubar, irrigar e cuidar, sempre e sempre. Em 2025, redobraremos nossas forças para o plantio. E que a colheita seja cada vez mais generosa”, completou.

Recuperação

No domingo, a primeira dama, Janja da Silva, publicou um vídeo nas redes sociais que mostra o presidente andando ao lado de cachorros na residência oficial da Granja do Torto, em Brasília. Nos comentários, escreveu “Caminhadinha matinal nesse domingo”. Lula passou 10 dias em São Paulo para conter a hemorragia na cabeça.

O presidente voltou a Brasília no último dia 19. Os médicos de Lula o orientaram a não retomar a rotina de exercícios físicos nesta etapa do tratamento. O cardiologista Roberto Kalil informou que o resultado do exame, feito no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, foi “satisfatório”. Apesar de não poder fazer exercícios físicos, o líder do Executivo está liberado pela equipe médica a retomar os trabalhos normalmente. Na capital do país, a evolução do estado de saúde do presidente é acompanhada pela médica Ana Helena Germoglio.

Janja nas redes

A primeira-dama, que publicou o vídeo com o marido em processo de recuperação, sofre cada vez mais com a queda na popularidade. No último fim de semana, uma pesquisa publicada pela Genial/Quaest mostrou que a avaliação positiva de Janja caiu de 28% para 22% em um ano. No mesmo período, as opiniões negativas subiram de 26% para 28%.

A popularidade de Janja no Nordeste — onde está a maior concentração de apoiadores de Lula — despencou 27 pontos percentuais entre fevereiro de 2023 e dezembro deste ano. No início do governo, ela tinha 56% de aprovação na região. Passou para 36% em dezembro do ano passado e, neste mês, recuou para 29%.

Entre as mulheres, a aprovação da primeira-dama também caiu, de 31% no fim do ano passado para 24%, agora. Entre os mais jovens, a queda foi ainda maior. Ao considerar apenas a faixa etária de 16 a 24 anos, a popularidade de Janja recuou de 24% para apenas 18% em um ano. A pesquisa ouviu cerca de 8,5 mil pessoas entre os dias 4 e 9 de dezembro, e o nível de confiança é de 95%.