O Globo, n. 32.297, 09/01/2022. Economia, p 17
Bolsonaro diz que servidor pode não ter reajuste
Bruno
Goés
O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado que o governo pode não
conceder aumento a servidores este ano. No momento em que parte das categorias
se mobiliza por reajustes e que auditores da Receita Federal fazem operação
padrão , o presidente disse que apela para a sensibilidade dos
profissionais e que não há espaço no Orçamento.
—
Primeiramente, não está garantido o reajuste para ninguém. Tem uma reserva de
R$ 2 bilhões que poderia ser usada para a Polícia Federal e a Polícia
Rodoviária Federal, além do pessoal do sistema prisional. Mas outras categorias
viram isso e disseram 'eu também quero'. E veio essa onda toda — afirmou ontem,
ao participar de uma festa de aniversário do advogado-geral da União, Bruno
Bianco.
A
reivindicação de reajustes entre servidores se multiplicou depois que o
presidente pediu que fosse incluída previsão no Orçamento para reajuste das
categorias de segurança, que fazem parte da base de apoio de Bolsonaro.
Bolsonaro
destacou que os servidores estão sem reajustes há três anos e que foram
afetados pela Reforma da Previdência:
—
Eu só apelo para a sensibilidade. (...) Não tem espaço no Orçamento neste
momento. Você vê a dificuldade de negociar os precatórios (em referência à PEC
dos Precatórios) para poder dar o Auxílio. Agora, estamos prontos para
conversar. Pode ser (que não tenha reajuste para nenhum servidor). Tudo é
possível.
O
presidente afirmou estar ciente do aumento de preços durante a pandemia e da
perda de poder aquisitivo. Ele citou itens como alimentos e energia elétrica e
reforçou que se trata de uma escalada de preços em todo o mundo.
—
O Brasil está indo bem, apesar dos problemas. Agora, se cada um quiser resolver
o seu lado, nós podemos simplesmente explodir o Brasil e não resolver
absolutamente nada — afirmou.
As
declarações do presidente acontecem na mesma semana em que importadores de
combustíveis enviaram uma carta ao governo alertando para o risco pontual de
desabastecimento em razão da demora para liberar os produtos.
O
prazo passou de um a dois dias para mais de dez dias em razão da operação
padrão de auditores da Receita Federal, que cobram a regulamentação de um bônus
de cerca de R$ 3 mil.
Na
quinta-feira, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o chamado tribunal da Receita, suspendeu parte das
sessões da próxima semana por falta de quórum depois que servidores entregaram
cargos como parte da campanha por salários. O Carf
julga causas tributárias entre contribuintes e União.