Título: Mercado prevê Bolsa em alta em 2006
Autor: Lucia Rebouças
Fonte: Jornal do Brasil, 27/12/2005, Economia & Negócios, p. A19

Neste apagar de 2005, analistas, corretores e economistas estão prevendo um feliz ano novo para o mercado de ações em 2006. Mas, como se trata de um ano eleitoral, parece sensato não descartar alguma volatilidade. Além disso, as previsões estão atreladas a condicionantes várias: se a poupança externa permanecer farta; se os juros americanos não subirem; se a política de corte dos juros brasileiros não mudar; se o Brasil continuar a caminho do investment grade (confiável para investimento) - estas as mais citadas. Se o cenário for esse, o Ibovespa, principal índice de preços da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fecha 2006 com uma valorização em torno de 22%, considerando-se a média das projeções de crescimento feitas pelos agentes do mercado. É um ganho expressivo, mesmo porque em dois anos a bolsa terá valorizado quase 50% - este ano o Ibovespa subiu 29% até ontem.

Ontem, a Bolsa paulista encerrou o dia com o menor giro financeiro do ano - apenas R$ 448,6 milhões. Sem contar com o impulso das Bolsas americanas, que não operaram em virtude do feriado nos Estados Unidos, a Bovespa passou apenas por um dia de ajustes. Com isso, o Ibovespa fechou em leve queda de 0,10%, aos 33.297 pontos.

Para elaborar as projeções para 2006, analistas cruzaram conceitos como Bottom-up (método que avalia os resultados de empresas específicas antes de considerar o impacto das tendências econômicas) e de Top-down (método que observa primeiro as tendências da economia em geral e em seguida escolhe setores e empresas que se beneficiarão delas).

Marco Melo, responsável pela área de pesquisa da corretora Ágora Senior, prevê que o Ibovespa estará em 43 mil pontos no final de 2006, usando o conceito de Botton-up. Para Melo, a bolsa só não chega lá se houver uma redução da liquidez internacional ou um aumento das taxas de juros americanas acima de 6%.

- Aí acende o sinal vermelho - adverte Melo, ao ponderar, no entanto, que a chance de esse quadro se confirmar é muito pequena.

Responsável por renda variável da gestora de recursos do ABN Amro Real, Sandra Petrovsky, também não acredita que a taxa de juros dos Estados Unidos suba a patamares elevados, porque a inflação está sob controle, criando um cenário de crescimento da economia americana. Para o Brasil, a expectativa da gestora é um crescimento de 3,5% para o PIB em 2006.

- O Brasil está na contramão dos outros países emergentes. O nosso ciclo é de redução da taxa de juros, o que vai empurrar para cima a economia - afirma.