Correio Braziliense, n. 22564, 28/12/2024. Política, p. 3

PF ampliará o relatório


A Polícia Federal (PF) pretende encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF), em janeiro, um relatório complementar relacionado ao inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, em entrevista à CNN.

O relatório apresentará novos elementos colhidos após a conclusão do inquérito principal, incluindo provas e indícios obtidos por meio de operações de busca e apreensão. Entre as ações mais recentes, estão depoimentos de membros da tropa de elite do Exército, conhecidos como kids pretos, além de uma nova oitiva do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que forneceu informações no contexto de seu acordo de colaboração premiada.

Outra operação importante envolveu buscas realizadas contra o general da reserva Walter Braga Netto e seu assessor, o coronel Flávio Peregrino. A PF também investiga movimentações financeiras suspeitas, incluindo o suposto repasse de valores em espécie, entregues em uma sacola de vinho, destinados aos kids pretos.

A expectativa é de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente, até março de 2025, uma denúncia formal sobre a tentativa de golpe. Segundo autoridades, o julgamento do caso pode ser finalizado no decorrer do próximo ano.

De acordo com as apurações, a tentativa de golpe foi articulada por militares de alta patente, ex-integrantes do governo de Jair Bolsonaro. O objetivo era anular o resultado das eleições presidenciais de 2022, impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e instaurar um regime autoritário no país.

No relatório entregue ao Supremo, a Polícia Federal indiciou 37 pessoas por suposta participação no planejamento do golpe de Estado. Entre eles, estão Bolsonaro, apontado como participante ativo das articulações; Braga Netto e Mauro Cid.