Correio Braziliense, n. 22569, 02/01/2025. Negócios, p. 8

Bancos reduzem projeção de expansão do crédito em 2025
Rosana Hessel


Diante da expectativa de que a taxa básica da economia (Selic) continuará subindo ao longo deste novo ano, os bancos reduziram as projeções de crescimento do mercado de crédito em 2025, de 9,3% para 9%, segundo a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgada ontem. As novas projeções para 2025 também apresentam desaceleração do ritmo de crescimento da carteira de empréstimos do setor financeiro prevista para 2024, de 10,5%. De acordo com a pesquisa, a taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano, deverá chegar a 15% ao ano, em junho de 2025, pelas projeções dos bancos. Com juros mais altos, a previsão para a taxa de inadimplência neste ano passou de 4,5% para 4,7%.

A pesquisa da Febraban ainda mostra que a grande maioria dos entrevistados (84,2%) espera que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, eleve a taxa Selic para acima de 14,25% anuais no atual ciclo de aperto monetário.

Porém, a maioria (52,6%) espera que um novo ciclo de queda dos juros comece ainda neste ano.

A expectativa dos bancos para a taxa de câmbio também seguiu em alta em relação às pesquisas anteriores.

No curto prazo, a expectativa é que o dólar siga próximo do nível de R$ 6,00, e, em julho de 2025, recuando para R$ 5,90. E, com a perspectiva de um dólar mais valorizado, o que vai pressionar ainda mais os preços, a maioria dos entrevistados, (57,9%) espera que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 acima do teto da meta, de 4,5%, “em função de inúmeros fatores, como a atividade aquecida e o mercado de trabalho apertado”.

O pessimismo em relação ao ajuste fiscal do governo segue elevado, pois a maior parte dos entrevistados (66,7%) estima que o pacote de corte de gastos aprovado no Congresso no fim do ano passado deverá gerar uma economia entre R$ 40 bilhões e R$ 55 bilhões, nos próximos dois anos, abaixo das estimativas do governo, de R$ 70 bilhões.

Com relação à atividade econômica, metade dos participantes da pesquisa espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça em torno de 2%, neste ano, consenso atual no mercado. Contudo, 27,8% dos entrevistados esperam um crescimento menor, diante do nível restritivo da política monetária e redução dos estímulos fiscais.