Título: ''Ano para lembrar''
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 29/12/2005, País, p. A2

Entre lembrar e esquecer, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prefere o primeiro verbo, quando o assunto é o ano de 2005. Questionado ontem, enquanto tirava fotos e desejava feliz ano novo a um grupo professores, se este ano é para ser lembrado ou esquecido, Lula respondeu: ''Para lembrar, lógico''. O ano de 2005 foi recheado de notícias ruins para o presidente Lula: o termo mensalão caiu na boca do povo, um petista foi pego com US$ 100 mil na cueca e o crescimento ficou abaixo das previsões governistas, devendo fechar o ano em 2,5% do PIB.

Lula, porém, teve alguns bons dados para comemorar. A criação de empregos seguiu um ritmo forte, perto dos 4 milhões em três anos, Lula quitou a dívida com o FMI e os dados do IBGE mostram que a miséria caiu 8% no ano anterior.

Para completar, o programa Bolsa-Família chegou a 8,7 milhões de famílias, com a promessa de atingir 11 milhões no ano eleitoral de 2006.

Mas o que ficou, nos índices de aprovação ao presidente e ao seu governo, foram as más notícias. As denúncias de Roberto Jefferson derrubaram a cúpula do PT, tornaram o tesoureiro Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério figuras conhecidas em qualquer esquina e dizimaram parte do primeiro escalão do governo: o mais emblemático foi a queda de José Dirceu, que começou o ano como ministro todo-poderoso e terminou o ano cassado pela Câmara, não sem antes levar bengaladas de um senhor indignado.

Lula, antes candidato fortíssimo à reeleição, hoje está atrás de José Serra (PSDB) na disputa eleitoral e empata com outro tucano, Geraldo Alckmin, que ainda é pouco conhecido fora de São Paulo. (FP)