Título: Ano Novo, preços em queda
Autor: Carolina Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 02/01/2006, Economia & Negócios, p. A15

O ano começa com pelo menos uma boa notícia para os consumidores. Com a inflação do ano que terminou em baixa e a previsão de que os preços se mantenham sob controle neste início de ano, contas como o IPTU, o IPVA, o aluguel e até o telefone fixo sofrerão aumentos bem mais suaves do que o brasileiro está habitualmente acostumado a ver.

Os aluguéis, por exemplo, que seguem o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), deverão ter reajustes abaixo de 2% nos contratos corrigidos em janeiro. Em dezembro, a taxa acumulada nos 12 meses ficou em 1,21% - a menor já registrada.

- O IGP-M deste mês vai seguir a tendência de dezembro. Já observamos que os aluguéis estão estáveis e só se houver um descontrole da inflação é que haverá mudança no mercado - destaca George Eduardo Masset, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi).

No pacote de reajustes anuais marcados para o primeiro mês do ano, o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), no município do Rio ficará, este ano, em 5,58% - no acumulado dos últimos 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2005, o reajuste foi de 7,54%.

Os proprietários dos 1,8 milhão de imóveis cadastrados na prefeitura deverão receber o carnê do IPTU a partir do dia 18 de janeiro de 2006. Haverá a opção de pagamento em cota única, com 10% de desconto, ou dividido em dez vezes, a partir de fevereiro. A Secretaria Municipal de Fazenda informou que R$ 1,2 bilhão deverão entrar nos cofres públicos com a arrecadação estimada do IPTU deste ano.

- Já estou preparado para o pacote de contas neste início de ano. É bom saber que os reajustes não serão tão altos. O ideal seria eles não acontecerem, mas isso é impossível no nosso país - afirma o comerciante Paulo César Marques, que vai pagar IPTU, IPVA e o colégio da filha este mês.

Em tempos de inflação baixa, aproveitar o desconto e pagar à vista é a saída mais adequada, uma vez que nenhuma aplicação será capaz de remunerar o mesmo recurso com a mesma taxa durante o período.

Outro aumento que segue o IPCA-E é o pedágio da Linha Amarela, que ontem já era cobrado a R$ 3,40, R$ 0,20 ou 6,25% (já que segue o acumulado de 13 meses) a mais pagos pelos motoristas.

- O importante é que a inflação está tranqüila. Estes reajustes acontecem sempre no início do ano, mas já podemos ver que eles não serão muito acima do IPCA, que deve fechar em 5,6%. É uma boa notícia - destaca Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio.

Ainda no setor de transportes, a prefeitura já liberou o reajuste das tarifas de ônibus urbano, que passarão de R$ 1,80 para R$ 1,90, a partir do próximo sábado. Aumento médio de 5,5%, nos cálculos do professor da PUC, que admite que esse e outros reajustes não deverão afetar a trajetória da inflação em 2006.

- O controle da inflação deve ser atribuído a vários fatores, entre eles a desvalorização do dólar, que este mês subiu, mas não assusta. Se chegarmos a R$ 2,35 não haverá grande efeito - afirma Cunha.