Título: Candidatos viram o ano na procura do apoio de Roriz
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 02/01/2005, Brasília, p. D3

As alianças políticas costuradas durante todo o ano de 2005 pelos cinco postulantes governistas ao Palácio do Buriti para garantir o apoio de Joaquim Roriz não mostraram resultado, ao menos até agora. Como o governador não anunciou quem vai apoiar para o GDF nas eleições deste ano, cada partido - ou cada candidato - optou por começar, sozinho, a corrida eleitoral. As aparições públicas dos pré-candidatos ao Buriti aumentaram à medida que se aproximava o fim do ano. Mesmo dois nomes de uma mesma legenda chegaram a dividir palanques. Foi o que aconteceu com o senador Paulo Octávio e o deputado José Roberto Arruda, ambos do PFL, na inauguração das obras da L4 Norte.

Os dois estão à frente nas pesquisas e disputam a chance de ser candidato ao GDF pelo PFL, mas o partido ainda mostra estar longe do consenso. De acordo com Arruda, Paulo Octávio teria feito um acordo com ele quando Roriz o convidou para sair do PFL e ingressar no PMDB. Para garantir a permanência de Arruda na legenda, o senador teria dito que abriria mão de sua candidatura ao Buriti para deixar o lugar vago ao deputado.

O senador Paulo Octávio nega que tenha feito esse acordo. O anúncio do apoio de Roriz a um dos nomes poderia mudar o quadro dentro do PFL, mas como o governador disse que só vai escolher um candidato depois de abril, a decisão deve caber à cúpula do partido. De acordo com Paulo Octávio, o candidato será escolhido na reunião da executiva do PFL prevista para junho.

- O apoio do governador é muito importante. Fui muito fiel aos atos do governo e essa aproximação que houve entre o PFL e o governador é muito importante para o partido. Acho que podemos fazer a mesma dobradinha de 2002 - afirma Paulo Octávio.

Segundo o senador, antes de decidir quem será o candidato do PFL ao Executivo do DF, o partido deve esperar a decisão sobre a verticalização. Se mantida a regra, os partidos serão obrigados a se coligar, em âmbito local, conforme as alianças feitas em plano nacional. Como PMDB ensaia parceria com o PT para a candidatura à Presidência da República, em Brasília o partido de Roriz não teria outra opção senão apoiar a candidatura de um peemedebista. Nesse caso, o governador Roriz teria que optar entre o secretário da Agência de Infra-estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli, e o ex-ministro Maurício Corrêa, pois ambos já anunciaram desejo de concorrerem ao GDF. Outro nome citado dentro do PMDB é o de Rogério Rosso, administrador regional da Ceilândia.

- Isso ainda é um objetivo em gestação. Não descarto essa hipótese, mas ainda é muito cedo. Temos ainda que galgar muitos quilômetros. Estamos trabalhando para sempre fazer o bem para a comunidade - afirma Rosso, que colocou o nome à disposição do partido para concorrer ao cargo de deputado federal.

Além dos peemedebistas e dos pefelistas, a vice-governadora Maria de Lourdes Abadia disputa a bênção do governador. Com a saída de Roriz do Buriti, Abadia deve assumir o cargo de governadora em abril e, assim, só poderá concorrer à reeleição. Roriz ainda não anunciou o apoio à vice-governadora, mas a filha do governador Jacqueline Roriz não esconde a admiração que sente por Abadia. Ao assumir a presidência do PSDB, a vice-governadora se surpreendeu com os elogios feitos por Jacqueline em público.

Abadia demonstra interesse em se eleger governadora nas eleições em 2006, mas não pretende concorrer contra outro candidato de Roriz.

- As pessoas que são leais ao governador dificilmente serão candidatas contra ele - afirma Abadia, segundo informações de sua assessoria de imprensa.

Um cenário mais favorável à vice-governadora seria o governador não apoiar nenhum candidato ao Buriti em primeiro turno. Abadia acredita que Roriz pode liberar os candidatos e só decidir quem vai abençoar no segundo turno. Como há a possibilidade de haver candidatura única, essa seria a saída mais viável para Roriz. Isso se não tiver dois candidatos da base do governador no segundo turno.