Título: PCdoB lança Agnelo para valer
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 03/01/2006, Brasília, p. D3

O ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, é o pré-candidato do PCdoB ao governo do Distrito Federal. O presidente regional do partido, Apolinário Rebelo, acredita que o nome do correligionário é o único que poderá, dentre todos os postulantes ao cargo, aglutinar mais forças da esquerda e centro-esquerda na corrida ao Palácio do Buriti e, ao mesmo tempo, dar sustentação à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. - Estamos dialogando com todos os partidos que não vão ter o apoio de Roriz. Pelo cenário atual, os aliados do governador devem colocar nas ruas pelo menos duas candidaturas ao Buriti - disse Rebelo.

A disposição de Agnelo Queiroz para disputar o pleito ao GDF agrada o Palácio do Planalto, uma vez que o atual ministro é um aliado fiel da cúpula petista. Apesar de afirmar que não existe manifestação pública por parte do primeiro escalão do governo federal, Apolinário Rebelo adiantou que a direção nacional do PCdoB vai ser reunir, em fevereiro, com integrantes da Executiva do PT, para definir a candidatura nos estados.

- O PCdoB deve fazer alianças com PT e PSB em nível nacional no sentido de formar um projeto conjunto. Mas não chegará a consolidar coligação, que é uma camisa de força muito rígida. Queremos ter mais flexibilidade e por isso estamos procurando aliados para o debate - garantiu o presidente regional.

Imposição -Os petistas do DF admitem que o nome de Agnelo é bom, mas não estão dispostos a abrir mão da cabeça de chapa para outro partido de oposição. O presidente regional do PT, Chico Vigilante, afirmou que não aceitará imposição do Planalto, nem está preocupado com o atraso em decidir o nome que representará o partido na corrida eleitoral para o Executivo em Brasília.

Segundo Vigilante, o ministro assumiu com o presidente Lula um compromisso de que não disputaria cargo eletivo, condição para permanecer no posto na última reforma administrativa. Apolinário Rebelo fez questão de comentar a insatisfação dos petistas, afirmando que o ministro não é um pré-candidato contra o PT. Para ele, Queiroz é uma alternativa viável para acabar com a disputa interna entre a oposição em torno de um nome de consenso.

- Os aliados do governo estão divididos. O resultado da discórdia é que, eles terão mais de um candidato ao Buriti. Isso significa que o PT, certamente, estará no 2° turno. As seqüelas do 1º turno dificilmente permitirão que os candidatos da direita fiquem unidos - apostou o presidente regional do PT, Vigilante.

O deputado distrital Paulo Tadeu, que assume a liderança da bancada petista na Câmara Legislativa em fevereiro, considerou a pré-candidatura do ministro um fato natural, mas saiu em defesa da colega de partido, Arlete Sampaio, que tem chance de disputar o cargo. O parlamentar é a favor da criação de uma frente de esquerda, composta pelo PT, PCdoB, PSol, PSB, PDT, PPS, PHS, PV e PCB, para derrotar a onda rorizista.

- Não sou fundamentalista nessa questão, mas acredito que Arlete reúne boas condições administrativas e aceitação para ser escolhida. Além disso, tem uma excelente liderança. O PT, por sua vez, tem mais força política e uma militância forte - justificou o futuro líder.

O ministro Agnelo Queiroz, de acordo com a assessoria de imprensa, está viajando e não foi localizando para comentar a pré-candidatura.