Título: Câmara evita guerra pelas comissões
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/01/2006, Brasília, p. D3

A disputa pelas presidências das comissões permanentes na Câmara Legislativa promete não ser acirrada, ao contrário do que aconteceu no ano passado. As eleições vão ocorrer na primeira quinzena de fevereiro, quando os deputados distritais voltam do recesso. A expectativa é de que os atuais presidentes e vice-presidentes sejam reconduzidos aos respectivos cargos, sem reeditar os impasses que atrasaram sua escolha. O ano de 2006 será atípico na Casa porque os parlamentares já estão em ritmo de campanha eleitoral.

Se a escolha dos postos está sendo pacífica, o mesmo irá acontecer com a liderança de partidos. O deputado Paulo Tadeu será, a partir de fevereiro, o novo líder da bancada do PT na Câmara. Atualmente, o posto é ocupado por Érika Kokay. O rodízio no partido é comum, pois a gestão no cargo dura 12 meses.

- Assumo a liderança num ano que será bastante tenso, principamente por causa das eleições. Mas não podemos abandonar os trabalhos legislativos. Tenho a tarefa de manter a bancada unida. No segundo semestre, a campanha ganha as ruas - explicou Paulo Tadeu.

O futuro líder petista reconhece ainda que a Câmara sofrerá o reflexo da mudança do quadro eleitoral. O governador Joaquim Roriz (PMDB) deixa o cargo em abril e assume o Palácio do Buriti a atual vice Maria de Lourdes Abadia (PSDB), que tem um ritmo próprio de trabalho.

- O período é pequeno, mas Abadia vai implementar a sua maneira de trabalho, ainda que não haja representante do PSDB na Câmara. Mesmo sabendo que os distritais se concentrarão nas eleições, temos muito o que fazer: duas CPIs serão encerradas e várias representações precisam de análise - comentou o petista.

Liderança - O PFL também não enfrentará dificuldades. Este ano, os pefelistas adotarão o mesmo esquema de 2005: todo mês eles se reúnem e fazem uma avaliação sobre a possível troca de liderança. Quem ocupou o cargo quase a maior parte do tempo foi a distrital Eliana Pedrosa. As discussões sobre as mudanças, segundo ela, serão feitas após o término das férias.

- O nosso partido está muito ajustado e isso não será um problema. Estamos pensando mesmo é no dever de casa que temos de fazer: discutir os Planos Diretores do Guará e do Gama com a comunidade e aprová-los em seguida - afirmou Eliana Pedrosa.

Há dois anos, a líder do Governo é a deputada Anilcéia Machado. Ela ainda não sabe ser vai permanecer no posto e está aguardando uma posição oficial do governador Joaquim Roriz. Com dificuldades para construir acordo sobre os projetos do Executivo com a bancada governista, ela avalia que, em ano eleitoral, a situação ficará ainda pior.

- A decisão é do governador Roriz. Se houver necessidade, fará a substituição. Isso poder ocorrer a qualquer tempo. Não conversamos essa questão por enquanto, até porque ele deixará o governo. Diante desse cenário, tudo é imprevisível - analisou Anilcéia Machado.

Com a maior bancada da Câmara - sete deputados, o PMDB não garante sozinho a aprovação de projetos do governo local, mas é o fiel da balança. A mudança da liderança não deve alterar muito o quadro. Procurado pela reportagem, o líder do partido na Casa, Odilon Aires, que está viajando, não foi localizado.