Título: Serraglio reafirma acordão
Autor: Renata Moura e Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 06/01/2006, País, p. A3

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), um dos mais assíduos da convocação extraordinária, voltou a afirmar ontem estar convencido da existência de um acordo para poupar da cassação deputados supostamente envolvidos no escândalo do mensalão. Ele afirmou ainda que tem a obrigação de alertar a sociedade a respeito do que vê e ouve nos corredores do Congresso.

Já o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-SP), afirmou que a Câmara agiu de forma corporativista ao não cassar o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), que foi beneficiado com saques das contas do publicitário Marcos Valério de Souza.

- Eu respeito a Câmara, mas me preocupa essa decisão porque havia provas do que tinha ocorrido. É muito perigoso o Congresso tomar uma atitude corporativista - disse ele.

O líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS), divulgou nota ontem pedindo que Serraglio se retratasse das declarações feitas no início da semana, quando criticou um suposto acordão em curso na Câmara.

- Não basta fazer uma afirmação genérica. Para agir com a correção e a isenção que seu cargo exige, ele tem o dever de apontar os nomes de quem articulou o tal acordo acompanhado de provas - disse Fontana.

Serraglio não aceitou as críticas do petista.

- Não posso me retratar daquilo que estou convencido pessoalmente. O acordão não é uma criação cerebrina minha. É um absurdo achar que eu não deva alertar sobre o que estou vendo e ouvindo nos corredores - prosseguiu o relator.

Para Serraglio, o fato de a Câmara ter poupado o deputado Romeu Queiroz embasa suas afirmações.

- O resultado da última votação em plenário já é um alerta de que esse acordo existe - disse Serraglio.

O presidente da CPI alertou para o risco que um acordão representaria na imagem do Congresso.

- Acordo é uma coisa fora de propósito e eu acredito no bom senso do Congresso. O povo quer resultados e temos que ser coerentes com o que o Conselho de Ética deliberar - disse Delcídio.