Título: Petistas no fim da fila
Autor: Renata Moura e Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 06/01/2006, País, p. A3

Os cinco deputados petistas ameaçados de perda de mandato por envolvimento no escândalo do mensalão deverão ficar no final da fila dos processos de cassação em curso no Conselho de Ética da Câmara.

De acordo com o calendário estipulado pelo presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), pelo menos três dos 11 processos em andamento deverão passar na frente dos casos dos petistas já a partir da próxima quinta-feira. O primeiro deles será o do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE). Na seqüência, serão finalizados os de Roberto Brant (MG) e Wanderval Santos (PL-SP).

Dos cinco petistas, o único caso apontado como ''mais adiantado'' por Izar é o do deputado Professor Luizinho (SP), cujo relator, Pedro Canedo (PP-GO), deverá recomendar uma pena mais branda - como uma advertência, por exemplo.

A seguir o calendário do conselho, os petistas João Paulo Cunha (SP), Josias Gomes (BA), João Magno (MG) e José Mentor (SP) deverão ter seus processos concluídos no final de março ou em meados de abril.

O ''benefício'' aos petistas não é de responsabilidade de Izar, entretanto. Segundo o petebista, o atraso se deve à liminar obtida pelos petistas no Supremo Tribunal Federal (STF) que retardou a abertura dos processos de cassação. - Os processos deles começaram 10 ou 15 dias depois - explicou Izar.

Nos bastidores, entretanto, integrantes do próprio conselho afirmam que há uma morosidade dos relatores com o intuito de ''segurar'' a conclusão dos processos contra os petistas. A estratégia de deixá-los por último visaria aguardar o final dos demais casos para avaliar a repercussão de absolvições e dar mais tempo aos acusados para tentar costurar apoio para reverter pedidos de cassação no plenário.

Izar agendou uma reunião na próxima segunda-feira para tratar do tema com o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e prometeu dar um ''ultimato'' aos 11 relatores do Conselho de Ética.

- Vou pressionar os relatores, vou chamar um por um. Quero perguntar o que falta para cada processo - afirmou o presidente do conselho.

O líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), divulgou nota hoje na qual nega ''qualquer conversação ou acordo sobre essa questão (acordão)''.