Título: Polícia investiga nova conta de Duda no exterior
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/01/2006, País, p. A4

O Ministério Público e a Polícia Federal estão tentando rastrear uma nova conta do publicitário Duda Mendonça no exterior. Segundo reportagem publicada hoje pela revista Veja, uma segunda conta secreta e milionária foi aberta num banco de Miami, nos Estados Unidos. Duda, que coordenou o marketing da campanha à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, já havia revelado, na CPI dos Correios, a existência de uma conta sua nas Bahamas, chamada Düsseldorf. Por meio dela, teria recebido R$ 10,5 milhões do esquema do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o caixa dois petista e o mensalão.

Duda havia acertado o recebimento de R$ 25 milhões pelos trabalhos prestados à campanha petista. Segundo o publicitário baiano, a abertura da conta Düsseldorlf em um paraíso fiscal teria sido uma exigência feita por Marcos Valério para depositar os R$ 10,5 milhões ainda devidos. Alegando temer levar calote, Duda disse ter aceitado a imposição. Depois, o publicitário pagou R$ 4,3 milhões à Receita Federal, retificando a declaração do Imposto de Renda de 2003, que omitia a conta Düsseldorf e os depósitos para suas empresas fora do país.

A segunda conta - não revelada por Duda à CPI - só teria sido descoberta, segundo a Veja, porque o marqueteiro é monitorado pelas autoridades norte-americanas. O acompanhamento começou após ele admitir ter recebido os R$ 10,5 milhões de Marcos Valério no exterior.

No ano passado, a filha do publicitário, Eduarda Mendonça, tentou encerrar e sacar todo o dinheiro da segunda conta - ainda não há informações de quanto havia depositado nela. O fato chamou atenção do banco, que bloqueou a movimentação financeira por alguns dias e comunicou o fato às autoridades americanas.

O publicitário baiano integra uma lista de possíveis envolvidos com lavagem de dinheiro, que são monitorados constantemente nos EUA. A informação foi repassada em 17 de novembro ao Ministério Público brasileiro.

O DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), ligado ao Ministério da Justiça, enviou uma solicitação de bloqueio da segunda conta de Duda, mas, segundo a revista, não foi atendido até agora. O motivo seria a falta de dados para embasar o pedido de congelamento.

A coordenadora-geral do DRCI, Wanine Lima, já foi acusada, em relatório da PF, de atrapalhar as investigações sobre as movimentações de Duda Mendonça no exterior.

''Enquanto as equipes policiais trabalhavam nas investigações no Brasil e operacionalizavam a ida a Nova York, a representante do DRCI Wanine encontrava-se no exterior buscando influenciar as autoridades americanas a não repassar as informações solicitadas às autoridades de investigação constituídas e legitimadas'', diz o relatório da PF.

A polícia quer saber se a suposta outra conta de Duda nos Estados Unidos foi aberta antes ou depois dos depósitos feitos por Valério nas Bahamas. Caso tenha sido aberta antes, o argumento de que a conta Düsseldorf só existiu por exigência dos petistas ficaria fragilizado.