Título: Trabalho além da dose
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 08/01/2006, Economia & Negócios, p. A18

Para a especialista Silvina Ramal, mestre em desenvolvimento de administração de pessoas e empresas da ID Projetos Educacionais, o executivo moderno precisa saber que, antes de tudo, tem que fazer um planejamento estratégico de seu tempo - assim como as companhias desenvolvem os seus. A má alimentação fora do horário de almoço, por exemplo, é uma prova da falta de organização. Antes, continua ela, o bom profissional tinha de cumprir apenas suas tarefas. Mas, hoje, é necessário ser criativo e apresentar soluções rápidas.

- A expressão apagar incêndios é uma prova do nível de estresse dentro de uma empresa. É algo que tem que cair em desuso. A falta de organização conta na imagem de um executivo. A mulher, por exemplo, é mais cobrada dentro e fora de casa. Quando uma pessoa deixa de ter prazer no trabalho, é momento de parar porque algo está errado - diz Silvina.

Segundo ela, uma saída é o trabalho comunitário. A atividade ajuda o profissional a se sentir útil na sociedade.

- É uma satisfação que ajuda no combate ao individualismo - ressalta ela.

Quanto maior o número de fatores de risco diagnosticados em um indivíduo, maior a possibilidade de desenvolvimento de doença coronariana. De acordo com pesquisa Med-Rio Check-Up, mais de 70% dos executivos apresentaram mais de um sintoma causado pela alta carga de trabalho. Além disso, cerca de 8% dos examinados já tinham enfartado e 3% desenvolveram arritmias cardíacas graves. Gilberto Ururahy ressalta que 60% dos pacientes com problemas cardíacos têm entre 40 e 49 anos.

Foram esses sintomas que fizeram Maria Fernanda Soares, de 43 anos, mudar de emprego. Depois de 10 anos de dedicação diária de quase 16 horas por dia, viagens e congressos nos fins de semana e as duas filhas criadas praticamente pelos parentes, a executiva, que trabalha em uma empresa de informática, chegou a uma conclusão triste: esqueceu dela mesma.

Além disso, a má alimentação contribuiu para sérios problemas de saúde. Afastada do emprego por dois meses em 2004, ela pediu demissão e passou a comandar outra empresa.

- Tentei refazer minha vida. Estava à beira de um colapso - lembra.