Título: Administradores regionais jogam seu futuro nas urnas
Autor: Eruza Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 09/01/2006, Brasília, p. D3

Não é só o secretariado do governo do Distrito Federal que sofrerá mudanças por causas das eleições de 2006. O troca-troca também vai atingir 15 das 29 administrações regionais. De olho nas urnas, os postulantes de cargo eletivo deixarão suas funções até o dia 1º de abril, quando termina o prazo de desincompatibilização do mandatários do Executivo. Embora a campanha comece oficialmente em julho, depois das convenções e do registro das candidaturas, a corrida eleitoral está ganhando força nas ruas. São conversas com lideranças comunitárias, visitas às bases eleitorais, articulações políticas. Vale tudo na hora de conquistar uma fatia do eleitorado do Distrito Federal.

As mudanças vão afetar o centro nervoso da Capital da República. O administrador de Brasília, Clayton Aguiar, está filiado ao PMDB para disputar o cargo de deputado distrital. Em 2002, ele concorreu a uma cadeira na Camara Legislativa, mas não conseguiu se eleger. Após a derrota nas urnas, foi indicado para administrar o Plano Piloto. Quando tomou posse, em janeiro de 2003, prometeu implantar uma política de proteção ao tombamento e de combate à poluição visual e às invasões de áreas públicas.

Bases - O ex-secretário de Agricultura e atual administrador de Planaltina, Aguinaldo Lélis (PSDB), também entrou na briga eleitoral. Produtor rural e pecuarista do núcleo rural de Tabatinga, ele quer ganhar os votos da área agrícola rumo à Câmara Distrital.

O colega de partido, Paulo Roriz, sai da Administração de Santa Maria para tentar, mais uma vez, uma vaga de deputado distrital. Antes de cuidar dos problemas da cidade, ocupou a Secretaria de Articulação para o Desenvolvimento do Entorno.

Há três anos, João Dantas é o administrador de Candangolândia e terá de abandonar o posto para concorrer à Câmara Legislativa pelo PMDB. Dantas já atuou no serviço público, ocupando o mesmo cargo de fevereiro de 1999 a abril de 2002. Nas últimas eleições, candidatou-se a deputado distrital, mas não obteve o mandato. Na mesma situação está o administrador do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Marcelo Amaral (PMDB). Ele almeja um mandato no Legislativo local.

Filiada ao PFL, Natanry Osório está à frente da Administração do Lago Sul, cidade que tem 38 mil habitantes e maior renda per capita do DF. Na tentativa de representar os eleitores do bairro, a pioneira de Brasília deve ser candidata a deputada distrital, com a bandeira de preservação do cerrado, como medida para melhorar a qualidade de vida dos moradores.

Disputa - Os 43 mil habitantes de Águas Claras também terão um novo administrador. O atual Wilton Mendes (PFL) está de olho na vaga de distrital. Localizada numa área de 808 hectares, a cidade espera investimentos governamentais, pois não possui delegacias, escolas, hospitais, infra-estrutura e serviços, além de ter um sistema de transporte coletivo precário para atender à população.

Também são candidatos a deputado distrital, pelo PFL, os administradores Nilo Cerqueira, do Sudoeste e Octognonal, e Heleno Carvalho, do Guará, que conta com o apadrinhamento do secretário de Ciência e Tecnologia, Izalci Lucas. O parlamentar sairá a deputado federal, deixando o caminho livre para o correligionário. Já o administrador do Lago Norte, Erivaldo Mesquita, é filiado ao PFL e também concorrerá à Câmara Distrital.

A renovação no quadro político, em 2002, deixou de fora os ex-distritais César Lacerda (PSDB), que hoje administra São Sebastião e Edimar Pirineus (PSDB), que está na Administração de Brazlândia. Inconformados com a resposta das urnas, eles postulam o cargo novamente.

Os candidatos estão em busca de poder, prestígio e as benesses financeiras, entre as quais: salário do deputado de R$ 9.635 (bruto); verba indenizatória de R$ 11.250, para custear escritórios políticos, transporte, combustível, serviços gráficos, consultorias; verba de gabinete no valor de R$ 84 mil, dividida entre 23 funcionários, fora os dois seguranças parlamentares, que recebem R$ 7.500. São tantos privilégios que acabam atraindo, a cada eleição, centenas de postulantes.

Congresso - Nem todos os candidatos querem entrar no cenário político local. Rogério Rosso, por exemplo, se despede do maior colégio eleitoral do DF no Carnaval, que deverá ocorrer no Ceilambódromo, para disputar uma cadeira na Câmara do Deputados. O administrador, que ocupou, no governo Roriz também a Agência de Desenvolvimento Econômico, também é cotado para assumir cargo numa chapa majoritária.

O administrador de Taguatinga, José Humberto Pires (PFL), resolveu apostar alto, apesar de nunca ter concorrido a um cargo eletivo. Com uma longa vida empresarial, Pires quer ser deputado federal. De 1984 a 1988, foi presidente da Associação de Supermercados de Brasília (Asbra) e de 1992 a 1998 atuou como vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).