Título: Sharon ficou preocupado com recuo de aliados
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Fonte: Jornal do Brasil, 07/01/2006, Internacional, p. A9

O premier de Israel, Ariel Sharon, era considerado não só um ''buldôzer'', mas também uma rocha. Fora a obesidade e o recente derrame moderado, o político não tinha grandes problemas de saúde. Gostava de dizer em entrevistas que vai viver além dos 90 anos, como sua tia e avó. O que então causou o colapso do general-guerreiro, na véspera da realização do cateterismo que iria fechar um buraco no coração e evitar novos acidentes vasculares?

Segundo o jornal Ha'aretz, no meio da semana Sharon recebeu a notícia de que os ministros do Likud - seu ex-partido - estavam adiando suas demissões do governo para a segunda-feira. Só então, entrariam na nova legenda, Kadima, criada pelo premier. Seria tempo o suficiente para acompanhar a recuperação médica do líder que tentaria levar o partido à maioria no Parlamento, nas eleições de 28 de março.

- Por que este adiamento? Vocês acham que eles estão esperando que algo aconteça? - perguntou Sharon aos seus assessores, de acordo com o diário israelense.

Este ''algo'' - a possibilidade de uma complicação na cirurgia - era apenas uma hipótese. Milhares de pacientes que se submetem ao cateterismo por dia não chegam a se preocupar com ela. Mas o general Sharon ficou preocupado. Com a intervenção mais próxima, ele ficou mais irritado, perturbado e até mau-humorado, contam seus aliados.

Como general, ministro da Defesa, das Relações Exteriores ou primeiro-ministro, é um homem que trabalhava com os piores cenários militares e crises políticas. Estava acostumado a enfrentar tudo isso. Foi lidando com a possibilidade de catástrofe que se manteve na política por tanto tempo. Mas, aparentemente, não conseguiu lidar com o estresse causado por ''algo'' que não podia controlar.